
Depois de um mês de
negociações, os bancos apresentaram nesta terça-feira, dia 28, sua
contraproposta para as reivindicações dos bancários na Campanha
Nacional 2012. Ela prevê reajuste de 6% (aumento real de 0,7%) para
todas as verbas salariais, inclusive PLR, além de avanços em
relação à saúde, segurança bancária e igualdade de
oportunidades. Durante a reunião, realizada em São Paulo, o Comando
Nacional dos Bancários considerou a proposta da Fenaban
“insuficiente” para o fechamento de um acordo. As negociações
continuam nesta quarta e quinta-feira, dias 29 e 30.
Para a
presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, que representa os bancários
de Pernambuco nas negociações nacionais, a proposta da Fenaban
deixa a desejar na parte econômica. “Reconhecemos que há avanços
em nossas reivindicações de saúde, condições de trabalho,
segurança e igualdade de oportunidades. Mas o índice de reajuste de
6% está longe da nossa reivindicação, que é de 10,25%. Vale
destacar que a maioria das categorias que já fecharam sua campanha
salarial este ano conseguiram reajustes muito melhores do que está
sendo proposta pelos bancos, que são, justamente, o setor mais
lucrativo da nossa economia. Além disso, queremos propostas para as
nossas reivindicações sobre a garantia de emprego e a valorização
da PLR e do piso salarial”, explica Jaqueline.
Em relação
ao emprego, a Fenaban disse que o tema não deve ser incluído na
Convenção Coletiva dos Bancários, devendo ser tratado por meio de
acordos individuais com cada banco. “Dessa forma, o Sindicato e a
Contraf-CUT vão enviar nesta quarta-feira carta aos seis maiores
bancos do país para cobrar negociações específicas sobre o
emprego”, diz Jaqueline, lembrando que BB, Itaú, Bradesco, Caixa,
Santander e HSBC empregam, juntos, mais de 90% dos bancários do
Brasil. “Vamos cobrar de cada banco mais contratações, fim da
rotatividade, fim das demissões imotivadas e o respeito à nossa
jornada de 6 horas, entre outras demandas”, completa
Jaqueline.
Combate ao assédio moral e saúde – Os
bancos aceitaram a reivindicação dos bancários de rediscutir o
instrumento de combate ao assédio moral previsto na Convenção
Coletiva com adesão espontânea para bancos e sindicatos. Para os
bancários, esse instrumento precisa ser avaliado, porque é
insuficiente e precisa de ajustes. O tema será discutido na
negociação desta quinta-feira e contará com a participação de
técnicos em saúde dos dois lados.
Também será discutido
nesta quinta-feira o Programa de Reabilitação Profissional (PRP). O
Comando Nacional dos Bancários questionou os bancos sobre a razão
pela qual nenhum deles aderiu ainda ao programa, que está desde 2009
na Convenção Coletiva. Pelo acordo, cuja implementação é
opcional, os bancos devem instituir programas de reabilitação,
visando assegurar condições para a manutenção ou a reinserção
ao trabalho do bancário com diagnóstico de adoecimento, de origem
ocupacional ou não.
O que está acontecendo na prática é
que a grande maioria dos bancários, ao retornarem ao trabalho depois
de um determinado período de afastamento, é recolocada no mesmo
posto que o adoeceu, sem nenhuma mudança nas condições e no ritmo
de trabalho. A Fenaban disse que os bancos estão rediscutindo o
assunto e apresentarão uma posição sobre a adesão ainda durante o
processo de negociação da campanha.
Também continuam nesta
quinta as discussões sobre garantia de salário para o bancário que
recebeu alta programada do INSS, mas ainda não retornou ao trabalho.
A Fenaban disse que os bancos aceitam pagar o salário durante esse
período, assim como nos casos de afastamento entre a licença-médica
e a realização da perícia.
Projeto-piloto para segurança
bancária – Os bancos aceitaram a proposta do Comando Nacional de
instituir um projeto-piloto conjunto para testar medidas de prevenção
contra assaltos e sequestros e melhorar a segurança das agências. A
Fenaban propõe escolher uma grande cidade, definir um grupo de
trabalho com especialistas em segurança e representantes do Comando
Nacional e da Fenaban.
Para combater a insegurança bancária,
o Comando Nacional defende a proibição da guarda das chaves e
acionadores de alarmes para evitar sequestros, fim do transporte de
numerário por bancários, instalação de equipamentos de prevenção
contra assaltos e sequestros (porta de segurança, câmeras de
monitoramento, biombos, vidros blindados, entre outros), além de
estabilidade ao empregado vítima desse tipo de violência.
Igualdade
de oportunidades – A Fenaban também concordou com a proposta do
Comando Nacional de realizar um novo censo na categoria bancária
para avaliar se as medidas em defesa da igualdade de oportunidades,
contidas nos planos de ação dos bancos após a divulgação do Mapa
da Diversidade, estão produzindo resultados. Pela proposta dos
bancos, o novo censo será planejado em 2013 e aplicado no início de
2014. O Comando mostrou aos bancos que os planos de ação
instituídos unilateralmente pelas empresas não estão produzindo
efeitos positivos, uma vez que não há negros nas agências nem
programas de encarreiramento das mulheres com critérios objetivos,
que evitem discriminações.
“Todos esses temas voltam à
negociação nesta quarta e quinta. Esperamos avançar no diálogo
com a Fenaban para fecharmos um acordo que contemple as
reivindicações dos bancários e, assim, terminarmos mais uma
campanha vitoriosa, com a valorização dos trabalhadores que ajudam
os bancos a lucrarem cada vez mais”, finaliza Jaqueline.
Veja como foram até agora as rodadas de negociação com a Fenaban
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