A análise do balanço do 1º semestre de 2012, realizada pela subseção do
Dieese da Contraf-CUT, aponta que. enquanto o lucro líquido registrado
nos primeiros seis meses do ano atingiu o montante de R$ 602 milhões,
com queda de 1,6% comparativamente ao mesmo período de 2011, os valores
destinados para provisões para créditos em liquidação duvidosa (PDD)
aumentaram em 63,4%, atingindo a cifra de R$ 1,8 bilhão, ou seja, três
vezes o valor do lucro. A PDD é um velho truque contábil usado pelos
banqueiros para maquiar resultados.
No mesmo período o índice de inadimplência aumentou apenas 1,2 ponto percentual, atingindo 4,8% no semestre.
Para o Dieese, fica claro que o HSBC está usando a PDD para reduzir seus
lucros no Brasil, não mantendo qualquer relação com a carteira de
créditos em atraso, que deveria ser a referência para a formação destas
reservas.
“É vergonhoso ver o banco se utilizar dessa possibilidade legal para
diminuir o seus lucros e dos esforços sobre-humanos dos bancários para
atingir metas irem para o ralo. Se isso não ocorresse, somente os
valores pagos a título de PLR poderiam ser muito maiores, atingindo o
teto de 2,2 salários”, critica Miguel Pereira, funcionário do HSBC e
secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.
Quanto ao emprego, os dados do balanço mostram que, apesar do lucro
milionário, o banco eliminou 1.836 postos de trabalho entre junho de
2011 e junho deste ano, na contramão da economia brasileira que gerou
empregos.
“Não é à toa que as condições de trabalho estão péssimas, beirando o
insuportável e a cada dia o nível de adoecimento é cada vez maior. E
quando isso acontece, os funcionários ainda são discriminados e
perseguidos pelo banco, como apontou a recente denúncia feita pelo
Sindicato dos Bancários de Curitiba ao Ministério Público do Trabalho”,
aponta Miguel.
O fato de a PDD ser uma das contas de despesas dos balanços bancos, além
de baixar o lucro líquido, compromete não só o pagamento da PLR da
categoria bancária prevista na Convenção Coletiva de Trabalho, como pode
até inviabilizar o pagamento dos programas próprios de remuneração
variável, como o PPR e o PSV.
Apesar das mudanças paliativas feitas pelo HSBC para o PPR/PSV 2012,
como a não compensação apenas para os gerentes entre a PLR e o seu
programa próprio (PSV) e o pagamento diferenciado aos funcionários da
área de atendimento das agências, com esse volume de provisionamento
corre-se o risco de ao final do programa ninguém ganhar nada.
“Todos sabemos que o PPR/PSV é péssimo. Ele é mal dimensionado nas metas
e nos valores para pagamento e, nos últimos períodos, o banco tem
escolhido entre as áreas administrativas e de vendas para quem não
pagar. Ano passado ofereceu empréstimo ao invés de pagar o que havia
prometido. No semestre anterior a maioria dos gerentes é que não recebeu
nada. Quando paga, alguns gerentes, após as compensações, recebem muito
menos que os caixas, e obviamente ficam todos desmotivados”, salienta
Miguel.
Agora, envolto em diversas denúncias de lavagem de dinheiro nos EUA e
venda irresponsável de produtos na Inglaterra, tendo de provisionar
bilhões de dólares em multas, parece que a ordem da matriz em Londres é
apertar ainda mais o cinto, a fim de sobrar recursos para o pagamento
das multas aplicadas pelas autoridades nos EUA, México e Inglaterra, que
passam dos US$ 2 bilhões.
“E o pior é que neste cenário negativo que contaminou a imagem do HSBC
em todo mundo, ainda aumentaram as exigências para atingimento dos
resultados, elevando os níveis de assédio moral, com a falsa promessa de
ao final o funcionário receber alguma compensação financeira. E a
direção da empresa ainda tenta vender a ideia que caso isso não ocorrer é
por descompromisso das equipes de trabalho país a fora, o que é um
absurdo”, alerta o dirigente da Contraf-CUT.
“Além de desculpas, os executivos do banco deveriam cumprir os
compromissos assumidos com os funcionários do banco”, conclui Miguel.