Eleição na Venezuela deve atrasar funcionamento do Banco do Sul

As eleições na Venezuela devem atrasar o início do funcionamento do
Banco do Sul, instituição financeira de fomento e de desenvolvimento de
países da América do Sul. A informação foi dada pelo secretário de
Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Cozendey.


As eleições municipais no Brasil também devem adiar a ratificação da
entrada do país no Banco do Sul, pois o ingresso no órgão supranacional
tem de ser aprovado pelo Congresso, segundo Cozendey.


A previsão inicial era que houvesse a reunião do Conselho de Ministros
do Banco do Sul, instância máxima para políticas da instituição
financeira, em julho, o que não aconteceu.


A “etapa pré-operativa” do banco de desenvolvimento, fase anterior à
concessão de empréstimos, era esperada para ocorrer ainda neste ano.


“Com o processo eleitoral na Venezuela, as coisas acabaram ficando um
pouco mais lentas”, avaliou Cozendey, ao lembrar que o país de Hugo
Chavez será a sede da instituição financeira e é uma das nações que
farão os maiores aportes ao banco, que é uma espécie de Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para países da América do
Sul.


Ontem, Cozendey participou de uma teleconferência sobre o programa de
início das operações do Banco do Sul. No primeiro trimestre deste ano, o
Uruguai também ratificou a entrada no banco e, assim, o acordo
internacional que cria a instituição de desenvolvimento de países da
América do Sul entrou em vigor, pois “se atingiu o mínimo de países e de
capital para isso, o que não significa que o banco esteja funcionando”,
explicou ele.


Dos sete países que assinaram o acordo, apenas Brasil e Paraguai não
ratificaram a participação no Banco do Sul. Argentina, Uruguai, Bolívia,
Venezuela e Equador já fizeram sua parte. O aporte que cada país deverá
fazer ao banco de desenvolvimento varia: Brasil, Argentina e Venezuela
entram com US$ 2 bilhões cada; Equador e Uruguai, com US$ 400 milhões
cada; e Bolívia e Paraguai, com US$ 100 milhões cada.


Segundo o secretário, outros países demonstraram interesse em participar
do Banco do Sul, sendo que, “dos que estão fora, o Peru foi o que
manifestou maior interesse”.


O ingresso desse país ao banco depende de aprovação das nações
signatárias do acordo. Caso isso ocorra, a previsão de aporte do Peru é
de US$ 970 milhões ao Banco do Sul.


Quando o Brasil passar a integrar o Banco do Sul, na prática, terá que
depositar 20% desse aporte ao longo de cinco anos, ou seja, US$ 400
milhões em parcelas, a princípio, de US$ 80 milhões por ano, explicou o
secretário. “O restante fica como capital de garantia, ou seja, recursos
que se o banco precisar ele pede aos países que o integralizam. É a
prática normal de constituição dessesbancos multilaterais”, afirmou
Cozendey.


O governo brasileiro esperava que o Congresso Nacional aprovasse a
entrada do país no Banco do Sul até julho, o que também não aconteceu. O
aval ainda tem que ser dado pela comissão de finanças e tributação da
Câmara dos Deputados, pelo plenário da Casa e pelo Senado.


“Em um esforço conjunto com o Itamaraty, conseguimos que isso passasse
em três comissões da Câmara. Agora, a aprovação deve ficar mais devagar
por causa das eleições municipais e da pauta carregada do Congresso”,
afirmou o secretário de Assuntos Internacionais.

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