No próximo 5 de setembro (quarta-feira), a Central Única dos
Trabalhadores (CUT) realizará um Dia Nacional de Mobilização, levando às
ruas, às Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e ao Congresso
Nacional suas reivindicações de 10% do PIB para a educação, fim do Fator
Previdenciário, fim da rotatividade no emprego, negociação coletiva no
serviço público e a Agenda do Trabalho Decente.
Em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho, o novo secretário-geral da
CUT, Sérgio Nobre, destaca a relevância da manifestação para dar maior
visibilidade à pauta dos trabalhadores junto à sociedade, ao parlamento e
ao governo, a fim de garantir direitos e ampliar conquistas.
Quais são os eixos do Dia Nacional de Mobilização da CUT?
O fim do Fator Previdenciário, fim da rotatividade no emprego – com a
ratificação da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do
Trabalho), negociação coletiva no serviço público – com a regulamentação
da Convenção 151 da OIT – e a aprovação da Agenda do Trabalho Decente
são prioridades que se somam à luta pelos 10% do PIB para a educação.
Esta última medida, ao lado do Piso, da Carreira e da jornada, integra
também a reivindicação dos companheiros e companheiras da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que realizarão uma marcha
nacional neste mesmo dia a Brasília.
A educação é um tema chave…
A educação é um tema estratégico para a continuidade do desenvolvimento.
Vimos recentemente uma pesquisa que aponta a queda na qualidade do
ensino, onde 37% dos universitários não conseguiu sequer interpretar um
texto e em que metade das escolas particulares não atingiu a nota
mínima.
É inaceitável que algo que é fundamental para a formação e qualificação
profissional, para o desenvolvimento científico e tecnológico, fique
estagnado ou até mesmo retroceda. Infelizmente o Sistema S vem cobrando
cursos como o de mecânico de turbina de avião, R$ 500 por mês. Tinha de
ser gratuito. Essa cobrança é um crime.
Qual a relevância desta ação integrada do conjunto das categorias?
É uma ação extremamente importante, pois dará grande visibilidade à
mobilização do setor público, com as conquistas salariais que vão advir
do processo. Temos também as campanhas salariais do segundo semestre,
como as dos metalúrgicos e bancários. Vamos levar a Brasília a pauta da
CUT, divulgando amplamente propostas que interessam à classe
trabalhadora.
Como será a ação junto aos parlamentares no Congresso Nacional?
Nossa ideia é cobrar do parlamento maior agilidade na votação dos
projetos sobre os diferentes temas, pela sua importância na melhoria das
condições de vida e trabalho. Paralelamente vamos defender o
compromisso do governo com o estabelecimento de uma mesa permanente de
negociação com as centrais sindicais.
Qual sua avaliação das recentes greves dos servidores federais?
A paralisação demonstrou a necessidade de um novo modelo de negociação,
que seja mais unitário e menos fragmentado, com acordos de longa duração
para que a população não fique sem serviço público durante meses nem os
servidores sem a tão necessária valorização. A regulamentação da
Convenção 151 da OIT poderia ajudar muito em questões de carreira, na
reestruturação de cargos e salários.
O que acontece hoje é que muitas vezes quando há um acordo no índice de
reajuste não há maiores avanços no conjunto da pauta. Daí também a
importância de termos a organização no local de trabalho, legitimamente
eleita, para que os representantes sindicais cuidem destas demandas.
Além da ação na capital federal, a CUT organizará ações de rua e
vigílias, com audiências públicas em Câmaras Municipais e Assembleias
Legislativas. Como será a ação em Brasília?
Realizaremos uma reunião da Direção Nacional da CUT na véspera do dia 5
de setembro, com uma presença expressiva de todos os Estados e Ramos.
Além da mobilização de rua, estaremos no Congresso Nacional dialogando
com os parlamentares sobre a nossa agenda.
Cabe à maior central sindical do país colocar a sociedade em movimento,
sendo interlocutora, levantando temas cruciais para o desenvolvimento
nacional com distribuição de renda e valorização do trabalho. Neste
movimento vamos nos preparando para os 30 anos da CUT, que serão um
marco para a própria democracia brasileira.