A primeira reunião para a criação do banco de desenvolvimento dos Brics –
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – ocorrerá hoje no Rio de
Janeiro, trazendo na agenda a proposta de capital inicial da
instituição.
A Índia sugere que o banco comece a funcionar com capital em torno de
US$ 50 bilhões. O Brasil, por sua vez, defende que a participação no
capital seja dividida em partes iguais entre os cinco membros do grupo.
Assim, não haveria peso maior da China, que tem mais de US$ 3,2 trilhões
em reservas internacionais e portanto mais poder de fogo financeiro do
que os outros juntos.
A partir do encontro do Rio, os membros dos Brics vão negociar a
composição do capital, governança, localização e liderança da nova
instituição.
O banco precisará ser criado em bases que o levem a obter bom rating de
crédito, para assegurar acesso a financiamento barato. Para Robert
Zoellick, ex-presidente do Banco Mundial, esse será um dos principais
desafios da futura instituição dos emergentes.
Pela orientação dos líderes dos Brics, o objetivo é que as bases do
banco estejam definidas quando se reunirem de novo, em março do ano que
vem na África do Sul.
A Índia se inspira muito em argumentos do Prêmio Nobel de Economia
Joseph Stiglitz no debate sobre o banco. Stiglitz escreveu que o
dinheiro está nos emergentes e, para romper o círculo das desigualdades,
é preciso colocar fim ao fluxo de capital dos pobres para os ricos.
Para o economista, as economias dos Brics são maiores do que as dos
países industrializados que formaram o Banco Mundial em 1944. Assim, o
grupo deve se unir na formação de uma instituição financeira global,
porque os mercados e a globalização não estão funcionando do jeito que
os emergentes gostariam.
Negociadores em Nova Déli têm reiterado que o Banco Mundial demorou
cinco anos para ser criado e o Banco Asiático de Desenvolvimento, outros
três, de forma que o banco dos Brics não vai surgir da noite para o
dia.
Por outro lado, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, não esconde o
interesse em acelerar a criação do banco, já que vê oportunidade de
obter créditos para obras em estradas, represas e portos, que poderão
ter participação dos outros membros do grupo.