Logo nos primeiros minutos da primeira negociação específica da Campanha
Nacional 2012 nesta segunda-feira (13) com o Comando Nacional dos
Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pela Comissão de
Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), em Brasília, o diretor de
relações com funcionários e entidades patrocinadas do Banco do Brasil,
Carlos Eduardo Leal Neri, apressou-se em lembrar que a instituição, por
ser globalizada, está inserida na crise financeira internacional.
A afirmação foi prontamente rebatida pelo coordenador da CEBB e
secretário de Formação da Contraf-CUT, William Mendes. “Desde 2009, os
bancos brasileiros estão apresentando lucros recordes. Além disso, a
inadimplência está caindo e o índice é muito pequeno no BB. Há um truque
mágico aí. O que está ocorrendo é que as instituições estão aumentando
seus provisionamentos muito acima da realidade, pois a inadimplência é
estável e os bancos aumentaram de 30% a 50% suas provisões, diminuindo o
resultado”, afirmou o dirigente sindical, ao elencar uma a uma as
reivindicações do funcionalismo.
Jornada de 6 horas para todos
– A primeira reivindicação apresentada para o tema emprego e condições de
trabalho foi o cumprimento da jornada legal de 6 horas sem redução de
salário, considerada prioridade para os bancários do BB. Ela foi negada
novamente pelos representantes do banco. O BB reafirmou que não vai
negociar a implantação da jornada de 6 horas para todos os comissionados
sem redução de salários.
A instituição já havia dito em julho que a jornada de 6 horas é tema de
Plano de Comissões e que isto é estratégico e não discute em mesa de
negociação. Naquela negociação, o BB havia ressaltado que não debate
questões ligadas ao plano de metas, arquitetura organizacional e de
remuneração da empresa.
“Mais uma vez, o BB mostra uma postura intransigente diante de um
assunto considerado essencial para seus trabalhadores. O eixo das
reivindicações passa por melhoria no Plano de Carreira, cujo pilar é a
jornada de 6 horas para os comissionados, bem como seleção interna para
crescimento na carreira e fim dos descomissionamentos. Se o banco fica
dizendo que não negocia o essencial na mesa de negociação, ele quer
dizer o quê? Que os bancários busquem outras formas de resolver os seus
problemas sem ser por negociação coletiva?”, indaga William.
Respeito e seriedade nas negociações
– Em nome de todos os funcionários do BB, William fez um apelo para que os
negociadores do banco analisem com respeito e seriedade a pauta
específica de reivindicações entregue à instituição em 1º de agosto.
“Com 50 itens, a minuta é o resultado de um amplo e democrático processo
e inclusivo de consulta aos bancários e bancarias de todo o país. O
texto final foi deliberado no 23º Congresso Nacional dos Funcionários do
BB”, acrescentou o dirigente.
Os temas debatidos nesta rodada versaram sobre combate ao assédio moral,
fim da terceirização e aumento nas dotações das dependências, igualdade
de direitos para os funcionários oriundos de bancos incorporados (Cassi
e Previ para todos), melhorias nas ausências autorizadas, melhoria no
plano odontológico, fim da perda de função e irredutibilidade de salário
na volta das licenças-médicas, segurança bancária, volta do pagamento
das substituições e ampliação dos direitos dos delegados sindicais.
A negociadora do BB, Áurea Faria Martins, ficou de analisar as
reivindicações do funcionalismo e trazer as respostas nas próximas
rodadas de negociações.
Atenção para as mensagens do banco
– Como se não bastasse o fato de não ter apresentando nenhuma resposta
concreta às reivindicações do funcionalismo, o BB ainda sinalizou que
pretende reduzir o número de dirigentes sindicais. “Além de termos uma
questão a resolver sobre liberações dos bancários eleitos para mandatos
sindicais, porque havia uma regra em 2009 e o banco alterou por conta
própria, o banco diz que quer diminuir a organização dos trabalhadores. O
banco sabe que deveria liberar mais dirigentes e vem propor redução!
Isso me parece provocação”, rebate William.
Outra questão que trouxe preocupação para as entidades sindicais é o
banco ter questionado a reivindicação de fim da discriminação e isonomia
para os bancários oriundos de bancos incorporados em relação à Cassi e à
Previ, dizendo que vai apresentar para os bancários dados perguntando
se a isonomia é boa para todos mesmo. “É impressão minha ou o banco está
dizendo que vai chamar os bancários que já eram do BB a discriminarem
os colegas oriundos dos bancos incorporados? Muito estranha esta
argumentação por parte do banco”, alerta o dirigente.
Rodada segue nesta terça
– A rodada de negociação prossegue nesta terça-feira (14) no edifício Sede
I, em Brasília. “Esperamos que o BB apresente algo de concreto e avance
nas questões debatidas, pois está com a pauta há duas semanas” frisou
William Mendes.
A CEBB está trabalhando com a metodologia de apresentar todas as
reivindicações deliberadas pelo funcionalismo. A estratégia é importante
porque as propostas são justas e a expectativa é que a empresa
apresente propostas em todos os temas.
Na avaliação do Comando Nacional, a crise financeira internacional não
atingiu o sistema financeiro brasileiro que continua sendo considerado
um dos mais lucrativos e sólidos do mundo. “Onde está a crise enfrentada
pelos bancos brasileiros?”, foi o contraponto dos dirigentes.
Diante desse frágil argumento utilizado logo na primeira negociação
específica com o BB, a Contraf-CUT orienta que os trabalhadores
intensifiquem a mobilização e fiquem atentos com as notícias divulgadas
por outros meios que não sejam os dos trabalhadores, inclusive em
relação ao banco. “O funcionalismo deve acessar os sites da Contraf-CUT e
dos sindicatos e federações para se informar, pois o BB mais uma vez
nos disse que vai utilizar muita comunicação direta através de suas
ferramentas internas”, aponta William.