Tese sobre relações igualitárias e papel da CGROS é apresentada na Contraf



A diretora da
Fetec-CUT/PR e funcionária do Bradesco, Eliana Maria dos Santos,
apresentou a sua tese “A construção de relações igualitárias
no trabalho: a experiência sindical bancária”, durante a
reunião da Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS)
da Contraf-CUT, realizada no dia 30 de julho, em São Paulo. A
pesquisa acadêmica foi defendida em 2010, no Programa de Doutorado
em Sociologia, da Universidade Federal do Paraná.

O estudo,
focalizado no trabalho desenvolvido pela CGROS no período de 1997 a
2009, analisa a ação sindical em relação à discriminação
sexista e racial, na perspectiva de construção de sujeitos
políticos em busca da igualdade de oportunidades.

Eliana
destaca que o sindicalismo bancário é precursor em vários temas.
“A categoria foi a primeira a inserir o tema da Igualdade de
Oportunidades como eixo de Campanha Salarial. Os bancários
conquistaram a instalação de uma comissão bipartite para tratar do
tema como mesa temática de negociação”, ressalta a
ex-diretora do Sindicato dos Bancários de Londrina.

A
pesquisa aponta também as estratégias de exploração presente na
divisão sexual do trabalho. Segundo a autora, no setor financeiro,
os negros marcam a maior presença no setor terceirizado (central de
atendimento, digitação etc) e de prestação de serviços
(vigilância e asseio). “As mulheres também representam a
grande maioria do setor terceirizado e dentro da categoria bancária
apresentam média salarial de 20% inferior à média masculina”,
diz Eliana. 

Segundo a pesquisadora, referente à atuação
sindical, as mulheres são mais exigidas. “É preciso debater
com mais profundidade o conceito de classe, de solidariedade e
reconhecer que as discriminações sexistas e raciais não dividem a
classe trabalhadora, ao contrário, aprofundam a discussão sobre a
exploração capitalista”, afirma Eliane. 

A autora
da tese ressalta que, apesar do trabalho desenvolvido pela CGROS ter
enriquecido a pauta social dos bancários, os avanços nas cláusulas
de negociação foram limitados. 

Para Eliane, a
conquista de uma cláusula garantindo uma comissão bipartite de
igualdade de oportunidades foi um coroamento dessa luta. “As
negociações em torno da igualdade de oportunidades tiveram grandes
avanços, com mudanças de paradigma, como o reconhecimento de
companheiros e companheiras do mesmo sexo nos planos de saúde”,
salienta.

Apesar disso, a sindicalista considera que houve um
retrocesso em relação às expectativas construídas. “Faço
este destaque partindo da análise da trajetória da CGROS, no que
diz respeito às campanhas desenvolvidas, ao acúmulo e
aprofundamento de debates referente às relações compartilhadas, à
valorização do trabalho feminino, à não discriminação sexista,
racial e de orientação sexual e das prioridades das últimas
campanhas salariais”, destaca Eliane. 

Para ela, a
CGROS da Contraf-CUT tem a responsabilidade de ser a vanguarda no
sindicalismo brasileiro. “A Comissão carrega uma expectativa de
mudanças em relação ao conceito da divisão sexual do trabalho.
Porém, é frustrada quando são priorizadas reivindicações que
reforçam estereótipos femininos, como o papel da mulher –
reprodução”, conclui Eliane.

O Sindicato de Pernambuco
integra a CGROS com a secretária da Mulher, Sandra Trajano.

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