Geração de empregos nos bancos cai 80,40% no primeiro semestre de 2012

A geração de empregos
nos bancos caiu 80,40% no primeiro semestre deste ano. Ao todo, as
instituições financeiras geraram 2.350 novos empregos nos primeiros
seis meses de 2012, contra 11.978 vagas abertas no mesmo período do
ano passado.

A queda do emprego ocorreu em função do saldo
negativo em 1.209 postos de trabalho nos bancos múltiplos com
carteira comercial, atividade que engloba grandes instituições
financeiras como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do
Brasil. Já a Caixa Econômica Federal abriu 3.492 empregos, o que
evitou que o setor apresentasse desempenho negativo.

Esses
dados são da 14ª edição da Pesquisa de Emprego Bancário,
realizada trimestralmente pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento
Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese),
com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do
Ministério do Trabalho e Emprego.

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A abertura de 2.350 vagas no
primeiro semestre representa uma expansão de apenas 0,46% no emprego
bancário. Além disso, na comparação com o saldo de 1.047.914
empregos gerados em todos os setores da economia na primeira metade
do ano, os bancos contribuíram com apenas 0,22% do total.

“O
setor de maior lucratividade da economia brasileira não pode ter uma
contribuição tão ínfima para a geração de empregos”,
critica o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. “Não
podemos aceitar essa falta de responsabilidade social dos bancos com
o crescimento econômico e o desenvolvimento do país.”

Alta
rotatividade reduz massa salarial –
A pesquisa mostra que entre
janeiro e junho os bancos contrataram 23.336 empregados e desligaram
20.986. Já a remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.708,70 e
a dos desligados de R$ 4.193,22, o que representa uma diferença de
35,40%. Na economia brasileira como um todo, a diferença entre a
média salarial dos contratados é 7% inferior à média salarial dos
demitidos.

Em Pernambuco, os bancos desligaram 393 bancários
só este ano. A taxa de demissões deve superar a do ano passado,
quando as instituições financeiras dispensaram 504 bancários em
Pernambuco ao longo dos 12 meses.

“Essa alta rotatividade
nos bancos é uma jabuticaba, na medida em que só existe no Brasil,
sendo utilizada para travar a expansão da massa salarial e aumentar
ainda mais os lucros”, denuncia Cordeiro.

Nas campanhas
nacionais realizadas entre 2004 e 2011, os bancários conquistaram
aumentos reais de 13,9% nos salários e 31,7% nos pisos salariais na
Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). “No entanto, com o
efeito da rotatividade, o impacto dos ganhos foi drasticamente
reduzido pelos bancos e o aumento real médio ficou em torno de 3,6%,
prejudicando a melhoria da renda dos bancários e favorecendo o
crescimento dos lucros das instituições financeiras”, destaca
o presidente da Contraf-CUT.

A rotatividade no setor bancário
tem sido um pouco superior a 7% ao ano. Embora essa taxa seja
inferior àquela observada no conjunto dos setores econômicos, o
efeito geral sobre a remuneração dos bancários é maior, dado que
a diferença de remuneração existente entre o trabalhador desligado
e o admitido é próxima de 38%, enquanto que no conjunto dos setores
é de apenas 7%.

Mulheres entram e saem ganhando menos – Os
dados do Caged mostram também que os homens foram maioria tanto
entre admitidos quanto entre desligados no primeiro semestre, assim
como ingressaram e saíram recebendo salários maiores do que as
mulheres. Eles entraram com uma renda média de R$ 3.087,69 enquanto
elas ficaram com R$ 2.311,14. Eles foram desligados ganhando em média
R$ 4.848,99 e elas, R$ 3.477,45.

“Essa diferença de
remuneração revela que as mulheres continuam sendo discriminadas
nos bancos, o que reforça a luta dos bancários por igualdade de
oportunidades e de tratamento”, avalia Cordeiro.

Bancos
contratam jovens e desligam experientes –
O levantamento revela
também que os bancos contratam, sobretudo, jovens. As faixas etárias
com saldo positivo de emprego são as que reúnem trabalhadores com
até 29 anos, com destaque para a referente a pessoas com idade entre
18 e 24 anos, para a qual o resultado foi positivo em 6.288 postos.
Para trabalhadores a partir de 30 anos, o saldo de empregos torna-se
negativo para todas as faixas etárias.

Recuperação lenta
do emprego bancário –
Desde 2001 o setor bancário apresenta
contínuo crescimento de empregos, passando de 392 mil para 509 mil
em junho de 2012. Durante a década de 1990, esse estoque teve queda
de 46%, especialmente, devido ao processo de reestruturação
produtiva que atingiu diversos setores da economia brasileira no
período. É possível, portanto, caracterizar a última década como
um período de recuperação de postos de trabalho.

“Apesar
da redução do PIB e das turbulências internacionais no primeiro
semestre, nada justifica o freio do sistema financeiro brasileiro na
geração de empregos, uma vez que os bancos permanecem lucrando
muito”, salienta o presidente da Contraf-CUT.

Conforme
mostram os Relatórios de Administração dos bancos que já
publicaram balanços do primeiro semestre, o setor continua
apresentando trajetória positiva em todos os seus indicadores,
excetuando-se os de emprego. Além disso, mesmo ao se observar a
redução da geração de empregos em todos os setores da economia –
incluindo setores mais sensíveis à baixa expansão do PIB como
serviços e construção civil -, nota-se que a redução do
crescimento foi menos acentuada do que no sistema financeiro.

“Os
bancos possuem uma enorme dívida social com o emprego no Brasil. O
atual número de postos de trabalho é insuficiente para melhorar as
condições de trabalho dos bancários e garantir atendimento de
qualidade para a população. Além disso, a rotatividade é um
truque injustificável e perverso para a economia, uma vez que retira
o emprego de trabalhadores, onera os cofres públicos com a elevação
do seguro-desemprego e não contribui para o desenvolvimento
sustentável do país com distribuição da renda e inclusão
social”, conclui Cordeiro.


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