O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) apresentou nova
proposta aos representantes dos professores de universidades federais,
institutos tecnológicos e escolas de aplicação em greve em uma reunião
de mais de cinco horas na noite desta terça-feira (24). Segundo o
governo, cerca de 140 mil professores serão contemplados com reajustes
entre 25% e 45% em relação ao salário de março deste ano e a concessão
dos valores ocorrerá em três parcelas – nos montantes de 40% em 2013,
30% em 2014 e 30% em 2015.
A proposta apresentada na semana
passada previa um aumento entre 12% e 45% e estabelecia a vigência do
reajuste para julho e não março, como na atual proposta. Com as
mudanças, os recursos disponíveis para o reajuste salarial passam de R$
3,9 bilhões para R$ 4,2 bilhões.
Para o diretor do Sindicato
Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN),
Luiz Henrique Schuch, a proposta não responde a contento os três eixos
de problemas estabelecidos como centrais pela categoria: a
desestruturação da carreira, a reposição real dos salários até 2015 e a
desvalorização da titulação. “A remuneração de um professor titular
doutor é composta em cerca de 32% pelo vencimento básico, que é
estruturante, e quase 70% são gratificação”, protesta, uma vez que as
gratificações, ao não serem incorporadas ao salário, não serão
constitutivas de direitos.
O sindicalista também afirma que o
governo anuncia os percentuais de reajuste salarial superestimados
porque os calcula partindo dos salários de fevereiro deste ano,
desconsiderando o fato dos valores estarem congelados desde julho de
2010. “De julho de 2010 a março de 2015 são 35,55% de corrosão
inflacionária, de acordo com o Dieese”, disse.
De acordo com o
diretor do Andes-SN a negociação e a greve forte continuam. Já a
Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de
Ensino Superior (Proifes), que representa apenas oito associações da
categoria, afirmou durante a reunião com o governo que a proposta
dialoga com seus anseios. A proposta será agora remetida as assembleias.
No próximo dia 1º de agosto sindicalistas e governo voltam a se reunir.
Segundo o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do
Ministério da Educação, Marco Antônio de Oliveira, em termos de valores o
governo já chegou ao seu limite.
A greve dos professores
completa 70 dias nesta quarta-feira (25). De acordo com Luiz Henrique
Schuch, os reitores das universidades paralisadas já garantiram que o
corte de ponto anunciado pelo governo para os servidores federais em
greve não atingirá a categoria.