
Enquanto a remuneração média dos bancários sobe pela escada, a
lucratividade dos bancos vai de elevador. Em 2004, o bancário recebia,
em média, R$ 4.279. O valor subiu para R$ 4.435 em 2011 – crescimento de
3,6%. No mesmo período, a lucratividade dos maiores bancos saltou de R$
23,32 bilhões para R$ 53,42 bilhões – aumento de 230,43%.
A demonstração do aprisionamento do ganho dos bancários face à
exorbitância do faturamento dos banqueiros foi feita pela economista do
Dieese (subseção Sindicato de São Paulo) Catia Uehara, na tarde desta
sexta-feira, em painel de debates da 14ª Conferência Nacional dos
Bancários, evento que prossegue até domingo, dia 22, em Curitiba (PR).
Conforme ressaltou Catia Uehara, a remuneração certamente será o “fio
condutor” das campanhas salariais de diversas categorias no segundo
semestre deste ano, especialmente na Campanha Nacional dos Bancários.
A economista destacou o fato de a renda média dos bancários não
conseguir acompanhar sequer o crescimento da massa salarial e da geração
de empregos no setor. O número de postos de emprego saltou de 393.140
mil em 2001, para 506.699 em 2011, o que representa um aumento de 28% de
novos postos.
No entanto, a rotatividade é o grande vilão para a categoria. “A
diferença do salário pago entre o admitido e o desligado é, em média,
38% inferior. Esse tem sido o mecanismo usado pelos banqueiros para
atenuar o impacto das negociações coletivas”, ressaltou.
Catia destacou os avanços na regra da Participação nos Lucros e
Resultados(PLR)com dados demonstrativos do crescimento do peso da
remuneração variável na renda do bancário. A representatividade da
remuneração variável na remuneração total do bancário subiu de 5,4% em
1995, para 14,5% em 2011. No mesmo período, a remuneração de renda fixa
passou de 67,7% para 62% da renda total. Quanto à renda fixa indireta,
os percentuais passaram de 26,9% para 23%.