
O ministro do Trabalho Brizola Neto assumiu o compromisso de enfrentar,
junto com os bancários e demais categorias, a alta rotatividade que
ocorre em alguns segmentos do mercado de trabalho, como o setor
financeiro, durante sua exposição sobre emprego na 14ª Conferência
Nacional, que está sendo realizada em Curitiba.
“Estou nesta Conferência com muita satisfação, mas minha presença aqui
tem um motivo muito especial, a questão da alta rotatividade na
categoria bancária, que é a maior juntamente com a construção civil. No
caso da construção civil, há explicações estruturais, mas em relação ao
sistema financeiro não há justificativa para essa prática dos bancos.
Vou empunhar, junto com os bancários, a bandeira contra a alta
rotatividade”, disse.
Ele acrescentou ainda que, além de ser perverso com o trabalhador, que
perde seu emprego, o problema tem um alto custo para o governo. “A
rotatividade contribui para um gasto de cerca de R$ 30 bilhões por ano
com seguro-desemprego, dinheiro que deveria ser investido na
qualificação profissional e no abono salarial dos trabalhadores.”
Duas décadas perdidas – Brizola destacou a importância dos bancários na mobilização dos
trabalhadores para a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), assinada
pelo presidente Getúlio Vargas em 1943. Ele fez ainda duras críticas ao
período neoliberal, nos anos 80 e 90, especialmente ao governo Fernando
Henrique Cardoso.
“Os governos neoliberais privatizaram, elevaram as taxas de juros, quase
destruíram a economia nacional gerando desemprego em massa. Foram duas
décadas perdidas. No Brasil foi criada uma das redes bancárias
tecnologicamente mais avançadas do mundo, mas, ao lado do processo
inflacionário, essa modernidade resultou na drástica redução do emprego
no setor financeiro”, disse.
Ele defendeu o governo Lula, que rompeu com esse processo recessivo. “A
eleição de um operário rompeu com a lógica anterior, garantiu a
valorização do salário mínimo, que apesar de ainda ser baixo, melhorou,
elevou a renda do trabalhador e promoveu a geração de empregos,
reduzindo as taxas de desemprego.”
Ao lembrar de seu avô, ele disse que Leonel Brizola, que fazia críticas
no início do governo petista, admitiu em seguida, que o país começa a
avançar. “Ele dizia, com bom humor, que o operário havia começado a
comer mingau pelas beiradas’, afirmou.
Perto do pleno emprego
– O ministro acrescentou que em alguns setores o desemprego no país chega
hoje a 5%, índice próximo ao chamado pleno emprego, capacidade ideal
para o Brasil atingir o desenvolvimento econômico, que só será possível
com crescimento da economia e geração de empregos.
Ao final de seu discurso, Brizola Neto ressaltou a importância da
educação de qualidade para o país e fez uma avaliação positiva do
comportamento da economia nacional, apesar da crise internacional.
“A crise internacional foi causada pela irresponsabilidade dos bancos,
tem olhos azuis como disse Lula. Os países do chamado primeiro mundo
já não têm mais capacidade de expansão de seus parques produtivos, o que
não ocorre com o Brasil, até em função de nosso atraso histórico. Mas
será fundamental a educação de qualidade para garantir o desenvolvimento
científico e tecnológico e o futuro do país”, disse.
Combater a terceirização – O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, expressou ao ministro sua
preocupação com o projeto de Lei 4330/04, do deputado Sandro Mabel
(PMDB-GO), que tramita no Congresso Nacional. O projeto, se aprovado,
escancara a terceirização no país e representa uma ameaça real à
categoria bancária e a toda a classe trabalhadora, promovendo ainda mais
a precarização no trabalho.
Bancários denunciam HSBC
– Além disso, os bancários denunciaram ao ministro o banco HSBC, que
contratou um “serviço de inteligência” para espionar a vida de
funcionários em licença médica, filmando e fotografando os bancários e
suas famílias, colocando em dúvida a doença ocupacional dos
trabalhadores e tentando “provar” que existem empregados com “outra
atividade profissional”, o que a empresa não conseguiu comprovar. O
banco inglês foi denunciado este mês pelo Congresso dos EUA, de “lavar”
dinheiro do tráfico de drogas e do terrorismo internacional.