CONFERÊNCIA NACIONAL: Debate reforça transversalidade no combate à discriminação

O debate sobre a transversalidade abriu os trabalhos da 14ª Conferência
Nacional dos Bancários. Reunidos em Curitiba de sexta 20 a domingo 22,
trabalhadores do setor financeiro de todo o Brasil ouviram a assessora
de formação de gênero,trabalho e sindicalismo, Didice Godinho Delgado,
defender que é possível colocar em prática a transversalidade, mas, para
isso, é necessário vontade política. É um debate que reforça a
importância de transversalidade entre os vários pontos que dizem
respeito à vida do trabalhador,todas as questões que levam à
discriminação.

“Para que atransversalidade se torne realidade depende que haja um
trabalho de convencimento da sua necessidade, como fator estratégico
para se alcançar osobjetivos gerais pelos quais luta o movimento
sindical. É necessário acabar comas práticas não totalmente convencidas
da importância dessa política”, afirmou Didice.

A assessora falou sobre a desigualdade da remuneração entre homens e
mulheres, na carreira, os obstáculos criados pelas discriminações que
englobam principalmente mulheres e negros, as situações que impedem a
chegada a cargos, a questão do nível de escolaridade que não tem
resultado em igualdade de promoção na carreira e os critérios de acesso
adotados.

Etapas

– Didice afirmou que é necessário colocar algumas perguntas chaves no
momento de definir políticas, sejam elas econômicas ou políticas, para
que se garanta a transversalidade. “Precisamos fazer uma análise inicial
sobre o tema abordado,senão vamos continuar fazendo políticas neutras e
elas não podem existir já que a realidade não é neutra. A discriminação
é transversal”, ressaltou.

Algumas das perguntas em torno do tema, de acordo com Didice, questionam
como a situação em questãoafeta os grupos historicamente discriminados
ou qual o impacto de tal política sobre os grupos historicamente
discriminados.

A especialista cita como exemplo a questão do emprego e da remuneração
dos bancários. “Ao discutir esse tema é necessário colocar a questão de
como reduzir a desigualdade e a discriminação salarial”, afirma. Outro
exemplo citado diz respeito à carreira.”É preciso avaliar quais
critérios devem ser adotados de promoção e acesso a cargos que eliminem
discriminação de todo o tipo, além de critérios devalorização da
escolaridade, de acesso à capacitação.”

Há outros aspectos importantesa se levar em consideração no momento de
se traçar políticas sobre atransversalidade. “Formação e treinamento de
modo a superar nossos próprios preconceitos. É necessário, ainda, prever
recursos e planejar monitoramento,avaliação e ter coordenação das
ações”, explicou Didice, destacando que essa transformação não é
simples, requer transformação institucional e envolve relações de poder
internas às organizações.

Convenção 156

-Didice cobrou do governo federal a assinatura da Convenção 156 da OIT
que trata das responsabilidades familiares tanto de homens quanto de
mulheres. Didice relembrou a 4ª Conferência Mundial da Mulher da ONU,
realizada em 1995, quando a convenção foi assinada e se formou uma
diretriz para políticas de construção de igualdades. O objetivo era
conseguir maior impacto na busca de superar as discriminações de gênero e
alcançar maiores níveis de igualdade entre homens e mulheres.

“Ninguém mais tem dúvida de que essas políticas são necessárias para
corrigir distorções históricas, mas o Brasil continua sem ser
signatário”, criticou.

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