Jornada de Agroecologia: marcha reúne mais de 3 mil pessoas

Palavras de ordem, bandeiras, batucada e muita música
deram o tom da marcha de abertura da 11ª Jornada de Agroecologia,
realizada no centro de Londrina (PR) na tarde de quarta-feira (11), com
participação de mais de 3.800 pessoas. A manifestação de rua teve como
objetivo apresentar a proposta da Jornada e ampliar o diálogo com a
população em geral sobre a agroecologia em contraponto aos danos do
agronegócio. Nessa 11ª edição, o evento recebe representantes de países
da América Latina e Caribe, entre eles Paraguai, Bolívia e Argentina,
além de diversos estados brasileiros.

De baixo de
sol forte, os bonés vermelhos ajudaram os marchantes e se proteger e
também listraram as ruas de Londrina em fileiras bem organizadas. A
caminhada reuniu a militância do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) de todas as regiões do Paraná, do Movimentos dos Atingidos
Por Barragem (MPA), Grupos de Agroecologistas, da Assembleia Popular, do
Levante Popular da Juventude e outras entidades da sociedade civil,
estudantes e pesquisadores ligados ao campo e à cidade.

A
integrante da Assembleia Popular do Paraná, Vanda de Assis, frisou a
importância de comunidades organizadas da cidade vivenciarem a Jornada
de Agroecologia, como já fizerem em outros momentos de lutas, como o 8
de março e a Jornada Nacional de Lutas Pela Reforma Agrária.
“Acreditamos que o Projeto Popular vai acontecer quando o campo e a
cidade se unir, e a Jornada é importante por isso, é um exercício de
cidadania, de militância”, afirma.

O ritmo dos
tambores, construídos a partir de latas de tinta e baquetas feitas com
material reciclado, caracterizaram a batucada do Levante Popular da
Juventude. A jovem Hellen Lima, uma das representantes paranaenses na
coordenação nacional do Levante, provoca a juventude a mostrar a sua
forma de ser e sua ousadia: “A transformação da sociedade só vai ser
construída quando a juventude tomar para si a tarefa, quando estiver
organizada”, disse.

Representando a Federação de
Agronomia do Brasil (FEAB), o estudante Felipe reforçou que a Jornada de
Agroecologia é um espaço para debater com o conjunto dos movimentos
sociais, do campo e da cidade. Na opinião do estudante, a Jornada
possibilita a ampliação do debate sobre uma universidade “humanizadora,
crítica e que seja capaz de suprimir as demandas do povo brasileiro”.

A
greve dos servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) foi pautada como uma das lutas importantes para que
movimentos sociais do campo se insiram e apoiem. “A cada ano estamos
sofrendo cortes de custos que inviabilizam o trabalho. Nós estamos
ameaçados pelo sucateamento dos órgãos”, aponta o engenheiro agrônomo do
Incra, Cláudio Marques. Segundo o engenheiro, o governo federal trata
os servidores de forma desigual e os órgãos públicos que tratam de
questões ligadas ao agronegócio recebem mais recursos, em contrapartida,
a agricultura familiar é deixada de lado.

Marques
coloca como exemplo da precarização vivida pelo Incra o corte de 70% do
recurso em 2012 para o Programa de Assistência Técnica. Outro dado
significativo é a redução drástica no número de servidores ao longo dos
anos: entre 1995 a 2011 o quadro de trabalhadores no Incra caiu de 9 mil
para 5 mil no país, em contrapartida o número de assentamentos
atendidos subiu de 67 para 8.700 no mesmo período.

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