Cúpula dos Povos aponta pauta de lutas no Aterro do Flamengo na Rio+20

Na terça-feira (19), quarto dia da Cúpula dos Povos, evento paralelo à
Rio+20, milhares de pessoas se reuniram no Aterro do Flamengo para
acompanhar uma assembleia geral que reuniu a síntese das cinco plenárias
organizadas no dia 17 e que discutiram trabalho, direitos, bens comuns,
energia e soberania alimentar.

Além das denúncias sobre as causas da crise e ataques à economia verde,
apontada como uma falsa solução, muitas das propostas convergiram. A
maior parte giravam em torno da mudança do atual paradigma de produção,
consumo e participação social para outro que tenha como centro o
respeito aos bens comuns, a distribuição de renda e a inclusão social.

Entre os destaques, a reivindicação de uma ofensiva contra as patentes,
que escravizam os povos, da luta contra a monopolização da informação,
responsável por ajudar a promover a mercantilização da vida e da
natureza.

Os grupos também detectaram que a mudança não passa apenas pela mudança
de tecnologia, mas também de paradigma, para que não fiquemos apenas nas
soluções paliativas.

Em seu discurso, a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane
Silva, destacou que a luta por um desenvolvimento sustentável é,
obrigatoriamente, a luta por igualdade. “A precarização do trabalho
afeta principalmente os grupos tradicionalmente discriminados, as
mulheres, os jovens e os migrantes. É nossa obrigação lutar para que
tenham os mesmo direitos dos demais trabalhadores e cobrar para que
tenhamos políticas públicas permitam à nossa juventude concluir o ciclo
educacional antes de ingressar no mercado de trabalho. É possível mudar a
história e amanhã mostraremos ao Rio de Janeiro, ao Brasil e ao mundo
que os trabalhadores unidos jamais serão vencidos.”

A dirigente referiu-se à Marcha dos Movimentos Sociais que acontece
nesta quarta (20), às 14h, com concentração na Candelária. A
manifestação segue até o Obelisco e termina na Avenida Rio Branco.

Liberdade de expressão –

No final da tarde, a secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti,
participou de um debate sobre os movimento sociais e o desenvolvimento
inclusivo com democracia e soberania nacional. A atividade aconteceu na
Tenda Milton Santos, da Fundação Perseu Abramo.

Ao lado da União Nacional de Estudantes (UNE) e de representantes
partidários, Rosane destacou que o primeiro princípio do desenvolvimento
é ser inclusivo. E para que isso aconteça, ressaltou, deve dialogar em
três dimensões: econômica, social e política.

A dirigente destacou ainda a pauta essencial da CUT na Rio+20, a defesa
de que não há desenvolvimento sustentável se não houver trabalho
decente, com igualdade salarial e liberdade de organização. E que o
Brasil ainda enfrenta muitas dificuldades para implantá-lo. “Basta ver
que, mesmo após aprovada pelo parlamento, a PEC do Trabalho Escravo
ainda encontra dificuldades para prosseguir no Congresso”, exemplificou.

Ela apontou ainda que um novo paradigma depende de mais ousadia dos
governos e de investimento em setores como pesquisa e tecnologia e
mobilidade urbana. Citou, inclusive, o próprio caso da Rio+20. “Quem
aqui foi para o Riocentro? E quem demorou menos de duas horas para
chegar? Precisamos investir em políticas públicas e, por sua vez, elas
devem dialogar com os bairros, cidades, Estados, até chegar no governo
federal”, defendeu.

A defesa da liberdade de expressão também é um item essencial no
transição para um novo modelo, conforme destacou Rosane. Para isso, é
preciso que toda a sociedade possa ocupar os espaços hoje restritos à
algumas famílias que monopolizam a velha mídia. Com isso, muda também o
que é discutido com a sociedade, porque o ponto de vista passa a ser
também feminino, quilombola, do trabalhador.

Por fim, a secretária cutista citou o papel dos movimentos sociais e
alertou que devem continuar o enfrentamento e ampliar a mobilização para
avançar nas conquistas. “Claro que tivemos avanços nos governos do
presidente Lula e da presidenta Dilma, principalmente no que se refere
ao diálogo com os movimentos sociais. Mas apenas chegamos a esse ponto
porque os movimentos sociais construíram as bases. Porém, agora essas
bases devem ser consolidadas. A soberania só se dá por seu povo e nação e
essa é nossa responsabilidade Porque governo é governo, partido é
partido e movimento é movimento.”

Expediente:
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