“Paulo Piau com que cara você chega?” Foi o que perguntaram milhares de
ativistas e simpatizantes na tarde de segunda-feira, 18, quando, por
coincidência, o trajeto da Marcha à Ré cruzou com o caminho do relator
do novo Código Florestal, o deputado Paulo Piau (PMDB-SP). Ele mudou sua
rota, e a marcha seguiu pacífica aos gritos de: “Retrocesso” .
A manifestação, organizada pelo Movimento Brasil pelas Florestas, com a
colaboração de centenas de organizações e coletivos, partiu do Museu de
Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, onde acontece a Cúpula dos Povos na
Rio+20, em direção ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). O lema do protesto era “Dilma com que cara você
chega?”, em referência à montagem, onde, de um lado, Dilma está como a
jovem militante da ditadura militar e, do outro lado, como presidenta.
O ato contou até com duas funcionárias do Ministério do Meio Ambiente,
Lenita Braga e Neuza Vasconcelos. “Estamos aqui para nos posicionar e
defender nossa carreira, mostrar que o que o governo fala não é verdade,
a parte ambiental não está tão bem”, contesta Lenita.
Simone Mammede, educadora ambiental, conta que ela e um grupo de oito
pessoas vieram de bicicleta do estado de Minas até o Rio de Janeiro para
participar das atividades. “Viemos descendo de bicicleta, que é um meio
totalmente não poluente, por cerca de 400 quilômetros e viemos parando
nas comunidades, oferecendo oficinas de práticas sustentáveis.” A
ambientalista acredita na importância de estar presente para “mostrar ao
mundo que é possível ter um mundo melhor, mais digno, mais justo e mais
sustentável”.
Já a argentina Luzia Rodrigues explica que veio de bem longe por
acreditar na importância da manifestação da sociedade civil no processo
de construção da política ambiental. “É importante que a sociedade civil
mostre o que pensa, o que deseja, mas de forma pacífica. As mudanças
não virão de um dia para o outro, mas essa construção é muito
importante”, comenta.
Luiz Prata, organizador da marcha e membro do Movimento Brasil pelas
Florestas, reforça a importância da mobilização da sociedade civil e se
diz muito “otimista” com as articulações da Cúpula. Porém, ele diz temer
poucos resultados por conta da “correlação de forças dos movimentos
perante a investida das grandes empresas e do capital”.
A organização da “Marcha a ré” comemorou a visibilidade e o espaço que a
manifestação ganhou na Cúpula. Rafael Santos, do movimento Brasil pela
Florestas, destaca que o protesto foi emocionante. “Estamos muito
felizes que tudo tenha ocorrido bem e pacíficamente.”