Em reunião com a Contraf-CUT, BC nega fusão envolvendo Santander

O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, reuniu-se nesta
segunda-feira 18 com o secretário-executivo e futuro titular da
recém-criada Diretoria de Assuntos Especiais do Banco Central, Luiz
Edson Feltrim, para cobrar que o movimento sindical seja ouvido antes de
qualquer processo de fusão no sistema financeiro, de forma a evitar
prejuízos aos bancários e à sociedade brasileira, como ocorreu em
aquisições anteriores. Feltrim disse que o BC está aberto ao diálogo e
negou que esteja em andamento qualquer processo de fusão envolvendo o
Santander.

Também participaram da reunião a presidenta do Sindicato dos Bancários
de São Paulo, Juvandia Moreira, e o futuro secretário-executivo do BC,
Geraldo Magela. Feltrim foi indicado por Alexandre Tombini à presidenta
Dilma Roussef para ocupar a nova Diretoria de Assuntos Especiais, criada
com o objetivo de “fortalecer o relacionamento com o cidadão e os
instrumentos de comunicação social”.

A audiência foi solicitada pela Contraf-CUT para manifestar as
preocupações dos bancários com o resultado de uma eventual fusão do
Santander com outros bancos brasileiros e suas consequências para a
sociedade, em especial para os trabalhadores.

“As últimas fusões, do próprio Santander com o ABN, do Itaú com o
Unibanco e do BB com a Nossa Caixa, não geraram nenhum benefício para a
sociedade. Ao contrário, os juros e o spread subiram nas alturas, as
tarifas bancárias chegam a cobrir o dobro da despesa de pessoal, os
lucros continuam elevados e a rentabilidade dos bancos no Brasil chega
em alguns casos a ser o dobro do verificado em outros países”, afirmou o
presidente da Contraf-CUT.

Contrapartidas sociais – “Em relação ao emprego, destacamos as demissões praticadas pelo Itaú,
fruto do processo de fusão com o Unibanco”, acrescentou Carlos Cordeiro.
“Cobramos a necessidade de contrapartidas sociais em casos de fusão,
como a garantia de redução de juros e tarifas, além da manutenção dos
empregos, o que garante também uma melhoria no atendimento à população.”

Os dirigentes sindicais também manifestaram a preocupação com a
concentração bancária no Brasil, que em vez de favorecer a concorrência
monopoliza o poder dos bancos e facilita o aumento dos juros e tarifas,
como comprovam as dificuldades impostas pelos bancos privados em baixar
os juros.

“Solicitamos que, se algum processo de fusão seja pautado no Banco
Central, a Contraf-CUT e os sindicatos sejam chamados para discutir
antes do processo finalizado, de modo a evitar que os trabalhadores e a
sociedade sejam prejudicados”, ressaltou Carlos Cordeiro.

Feltrim disse que no momento não há nenhum processo de fusão em curso

envolvendo o Santander, o Banco do Brasil ou o Bradesco.

O novo diretor informou que o BC soltou a Circular 3.590 (de 26/4/2012),
que “dispõe sobre a análise de atos de concentração no Sistema
Financeiro Nacional e sobre a remessa de informações pelas instituições
financeiras”, que entre outros itens exige que os bancos informem “os
ganhos de eficiência esperados com o ato de concentração que possam
resultar em benefício aos usuários de produtos e de serviços
financeiros, explicitando aqueles derivados de economias de escala, de
economias de escopo, da introdução de novas tecnologias, da geração de
externalidades positivas e de sinergias, com a quantificação dos
respectivos valores”.

Por fim, Feltrim informou que o Banco Central está aberto ao diálogo e
que sempre que solicitado receberá a Contraf-CUT e seus sindicatos.

BC além da inflação

– Os dirigentes sindicais propuseram ainda ao secretário-executivo que o
BC precisaria ter outras tarefas que não só olhar para a inflação, mas
também se pautar por indicadores como, por exemplo, crescimento
econômico e geração de emprego e renda.

Feltrim respondeu que essas outras tarefas além de cuidar da inflação
não fazem parte da atribuição constitucional do Banco Central.


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