Bancos privados aumentam tarifas de operações de câmbio em até 240%

De janeiro a junho, os valores médios das tarifas de operações de câmbio
mais que dobraram nos bancos privados. As operações de venda e compra
de moeda estrangeira envolvendo cartão pré-pago de viagem e a taxa de
emissão do plástico acumulam o maior aumento, de 240%.

As tarifas para transações com moeda estrangeira em espécie subiram 12%
para venda e 110% para compra. No cheque de viagem, a variação na venda
foi de 113% e na compra de 34%.

O levantamento foi realizado a partir dos dados de valores médios das
tarifas de operações de câmbio manual, divulgados pelo Banco Central
(BC) e apurados junto às instituições financeiras. O aumento das tarifas
acompanha o cenário em que os brasileiros bateram, mais uma vez,
recorde de gastos no exterior. Foram US$ 7,18 bilhões nos quatro
primeiros meses do ano, crescimento de 7% em relação a igual período de
2011.

Os grandes bancos privados começaram a voltar seus olhos para o mercado
de cartões pré-pagos em moeda estrangeira no ano passado, depois que o
governo federal aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) no câmbio em cartão de crédito para 6,38%. Já os
pré-pagos foram taxados em 0,38% e, assim, ficaram mais atrativos para
os turistas.

Bradesco, Itaú Unibanco e Safra lançaram seus cartões pré-pago em 2011,
só para correntistas. O mesmo fez o HSBC em abril deste ano. O Citibank
planeja entrar no segundo semestre. O mercado ainda é dominado pelas
casas de câmbio, que têm tarifas médias menores para as operações e são
abertas para qualquer cliente. Em média, os turistas costumam carregar
os cartões com 1.800 unidades da moeda estrangeira escolhida.

“Um número maior de concorrentes é melhor para o mercado, mas os bancos
grandes terão de ter tarifas mais competitivas para enfrentar as
instituições de menor porte e as corretoras, que se especializaram nesse
nicho e, por isso, têm tarifas mais atraentes”, observa o presidente da
Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio (Abracam), Liberal
Leandro Gomes.

Os dados do BC mostram que os bancos Daycoval, Itaú Unibanco e Safra
cobram tarifa máxima de R$ 50, R$ 30 e R$ 32, respectivamente, para as
operações de câmbio em cartão pré-pago. Apesar de informarem os valores
ao BC, as instituições alegam que as tarifas não são cobradas.

O Daycoval explica que não existe custo no fechamento da operação. O
Safra afirma que por “decisão comercial” a tarifa não vem sendo cobrada.
Já o Itaú Unibanco diz que a existência do valor máximo deixa o banco
autorizado a passar a cobrar pelo serviço, caso seja necessário.

Enquanto os bancos privados aumentaram as tarifas das operações
envolvendo cartão pré-pago de viagem neste ano, nas casas de câmbio o
movimento foi inverso. Dados do BC mostram que as tarifas para emissão e
carga de cartão pré-pago tiveram queda de 10%. Para recarga e compra,
caíram 14%.

Contudo, a tarifa para venda de moeda estrangeira em espécie cresceu 92%
em seis meses. “Para os clientes e para a corretora é mais seguro fazer
as transações em cartão pré-pago, pois não envolve a moeda em espécie”,
diz Gomes. Segundo ele, a maioria das corretoras não cobra tarifas para
trocas em espécie (somente o IOF, que é obrigatório). Quando cobram, o
custo tem relação com a quantidade de moeda trocada, pois valores baixos
exigem o mesmo serviço que grandes trocas.

Cotações

– Para gastar menos, o turista precisa pesquisar. “É a lei da oferta e da
procura. O conselho é entrar em contato com os bancos, corretoras e
agências de viagem para fazer as cotações”, diz o vice-presidente da
Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Edmar Bull. “Muitas
vezes, o cartão pré-pago tem tarifas mais baratas em comparação ao
papel moeda”.

Além do preço, a facilidade do produto deve ser levada em conta. Segundo
Bull, o quesito segurança é um diferencial relevante dos cartões
pré-pago pois, em caso de roubo, pode ser bloqueado e reposto, sem
prejuízo ao saldo.

Outra vantagem é a proteção à flutuação do câmbio, pois a taxa é fixada
no dia em que o contrato é fechado, enquanto no cartão de crédito o
consumidor arca com o câmbio do dia que paga a fatura.


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