Economia verde emperra documento oficial da Rio+20

No segundo dia das reuniões preparatórias para a redação do documento
oficial da conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, a falta de uma definição do que é a economia
verde manteve em ritmo lento a evolução do texto que os chefes de estado
devem ratificar no próximo dia 22. Esta sexta-feira (15) é o terceiro é
último dia de conversas para os diplomatas chegarem a um acordo nos
encontros do Riocentro e apresentarem o texto. Caso o texto não seja
apresentado, na teoria, os diplomatas seguem trabalhando para um
documento ser oficializado pela ONU ainda no Brasil; na prática, como já
se comenta pelos corredores do Riocentro, significa o fracasso da parte
oficial do encontro.


“Eu quero ser muito claro, o Brasil não
apresentará novos textos desde que exista o texto da negociação. É muito
natural que em conferências desse porte surjam rumores de que o país
sede tem um texto na manga e que na última hora apresentará. Não é o
caso”, afirmou na quinta-feira o embaixador Luiz Figueiredo Machado,
negociador-chefe do Brasil na conferência, aparentemente “esticando a
corda” por uma definição entre os países.


Durante entrevista
coletiva, Figueiredo reafirmou que o texto original é o objetivo, mas
sinalizou que toda a diplomacia possível será utilizada para um consenso
. “O Brasil trabalha com o texto que é o fruto das várias rodadas de
negociação. Porém, é natural que em sua função de presidência o Brasil
busque auxiliar a negociação em um sentido de sugerir para casos
específicos, onde não haja acordo, opções de solução”, disse.


O
diretor de Desenvolvimento Sustentável do departamento de Assuntos
Econômicos e Sociais da ONU , Nikil Seth, supervisor das reuniões de
quinta-feira, reconheceu que as diversas pendências em casos específicos
são fruto de uma impossibilidade de comprensão comum do conceito de
economia verde, que possibilite o marco institucional. “O que significa a
economia verde para cada país? Para o Brasil é uma coisa, para os
países árabes outra e para os países nórdicos uma terceira”,
exemplificou.


Pobreza – Seth afirmou que “pela primeira
vez a ONU vai negociar a redação do texto para direcionar a ideia de
economia verde para o desenvolvimento sustentável e erradicação da
pobreza. E este tema amplo será explicitado neste documento, porque a
pobreza é muito maior do que chegar a um acordo”. Segundo observadores
da negociação presentes à entrevista coletiva do diretor, nas
entrelinhas da fala de Seth é possível a percepção de como anda a queda
de braço entre países ricos, liderados pelos Estados Unidos, e o G77, do
qual o Brasil faz parte, sobre a inclusão ou não da palavra “extrema”
antes de pobreza na redação final do documento. Ao citar “explicitado”, o
diretor teria sinalizado que os EUA, na quinta-feira, levavam vantagem.


Conta – Outra
ponto que seguia controverso nas negociações de quinta-feira era a
questão das responsabilidades comuns porém diferenciadas. O tema é fruto
dos Princípios do Rio, quando durante a conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente, a Eco-92, ficou acordado que todas as nações
deveriam buscar novos paradigmas de desenvolvimento e preservação da
natureza, porém, no custo desses novos paradigmas, as nações que
aceleraram o padrão de produção e consumo a partir de maior degradação
ambiental, notadamente os países ricos, deveriam contribuir com uma
quantia maior. Com a atual crise econômica, os países ricos pleiteiam
“novos tempos, partindo do zero”.

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