O
Brasil está em uma situação confortável em relação à
disponibilidade de recursos hídricos comparado a outros países,
segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). O documento Conjuntura
dos Recursos Hídricos no Brasil 2012,
divulgado hoje (4), em Brasília, revelou que o volume de água no
país representa 12% da disponibilidade do planeta. Mas o mesmo
documento alerta que o aparente conforto convive com a distribuição
desigual desses recursos.
O
levantamento mostrou que mais de 80% da disponibilidade hídrica está
concentrada na região hidrográfica amazônica. “O Brasil tem uma
grande reserva de água doce, mas a distribuição é bastante
desigual. Em algumas regiões, há um potencial hídrico muito
grande, enquanto em outras regiões você tem até a falta de água”,
disse o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu.
Os
reservatórios artificiais são apontados pelos técnicos da ANA como
elementos estratégicos para equacionar essas concentrações. “Esse
é um dos principais assuntos que vamos tratar na Rio+20. Em relação
ao aumento da preservação, queremos rediscutir se reservatórios só
têm impactos negativos. Evidentemente que os reservatórios têm
impactos ambientais e sociais significativos, mas podem ser
instrumentos eficazes no controle de inundações e na oferta de
água”, acrescentou Andreu.
Pelas
contas da agência reguladora do setor, o Brasil possui 3,6 mil
metros cúbicos de volume armazenado em reservatórios, por
habitante. O número é superior ao apresentado em vários
continentes. Na Europa, por exemplo, a relação de recursos hídricos
armazenados por habitante é da ordem de 1,4 mil metros cúbicos. Na
América Latina e no Caribe, é 836 metros cúbicos por habitante.
Em
2011, açudes considerados importantes nessa relação, no Brasil,
como os da Região Nordeste do país, que têm a função de acumular
água em períodos úmidos para garantir o recurso durante as secas,
apresentaram acréscimos de 9% no volume armazenado em relação a
2010. A média de estoque na região tem se mantido em torno de 68%.
Mas quando os técnicos avaliaram os cenários em cada estado,
constataram, por exemplo, que, na Bahia, os valores estocados estão
abaixo da média de região, com 42% do volume.
A
agricultura, com cultivos irrigados se mantém na liderança do
consumo desses recursos. O estudo da ANA mostrou que 54% da retirada
de águas são promovidos pela atividade agrícola. De acordo com os
técnicos da agência, essa parcela ganha ainda mais importância com
o crescimento da área irrigável no país que, segundo os dados,
responde hoje por 5,4 milhões de hectares (20% a mais do que a área
apontada no censo agropecuário de 2006).
“O
que precisamos é combinar as políticas, para que a expansão
agrícola, principalmente a das culturas irrigadas, aconteça em
locais onde os solos e a disponibilidade de água seja adequada. Há
estatística de que a agricultura irrigada com produtividade, para
determinadas produções, aumenta em até quatro vezes. Com isso,
você pode evitar a expansão da agricultura para outras áreas como
as de biomas mais sensíveis e evitar conflitos do uso da água”,
explicou Andreu.