Marcha das Vadias no sábado denuncia violência contra a mulher

Todos os dias, milhares de mulheres em todo o mundo sofrem algum tipo de violência. A cada duas horas, uma mulher é assassinada no Brasil. E, na maioria das vezes, as próprias vítimas são tidas como culpadas pelos crimes que sofrem. Esse pensamento, expresso por um policial em uma palestra dirigida a universitários em Toronto, no Canadá, estimulou o surgimento do Slutwalk, a Marcha das Vadias, em abril de 2011. Desde então, o movimento, que se tornou global, defende o direito da mulher se portar e se vestir da forma que desejar, sem sofrer qualquer forma de repressão ou violência.

“A proposta da Marcha das Vadias é lutar contra todas as formas de violência contra a mulher, seja ela física, simbólica, psicológica ou sexual. E, ao mesmo tempo, temos a intenção de usar o termo vadias para ressignificá-lo e chamar a atenção de que somos chamadas de vadias pelos motivos mais absurdos, às vezes até pelo simples fato de sermos mulheres”, explica a antropóloga Julia Zamboni, uma das organizadoras da Marcha em Brasília. “Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias. E lutamos pela nossa liberdade sexual, e pela liberdade de andar com a roupa que quisermos sem que isso seja um convite à violência. Lutamos também pelo fim do racismo.”

Aderiram à causa países como Suécia, Nova Zelândia, Inglaterra, Estados Unidos e Nicarágua. No Brasil, o movimento, em 2012, chega a 18 cidades já confirmadas, e as manifestações estão agendadas para o dia 26 de maio. Em Recife, a Marcha tem concentração prevista para 14 horas, na Praça do Derby.

Para esse ano, um dos principais pontos do movimento é o posicionamento contrário à Medida Provisória 557, que prevê a instituição de um cadastro de todas as gestantes do sistema público ou privado de saúde. A medida tem sido vista como um mecanismo de vigilância das gestantes e é tida como contraditória em relação às políticas já em andamento na área da saúde feminina. ”Nós estamos articulando e discutindo essa questão com outros movimentos de mulheres e feministas, e tentando dialogar com o governo. Lutamos para que a medida não seja aprovada, vemos vários problemas nela. Não foi articulada com os movimentos e não houve diálogo sequer dentro do próprio governo, nem a Secretaria de Políticas para as Mulheres foi consultada a respeito. Além disso, estamos divulgando e pautando essa questão nas redes sociais”, acrescenta Julia.

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