As péssimas condições
de trabalho oferecidas pelos bancos deixaram 223 bancários doentes
em Pernambuco no ano passado, número 18,85% maior que o de 2010.
Todos esses trabalhadores foram afastados com doenças ocupacionais
reconhecidas pelo INSS, que concedeu benefícios por
incapacidade.
Estes dados estão no Anuário Estatístico
sobre a Saúde dos Bancários de Pernambuco, lançado pelo Sindicato
nesta segunda-feira, dia 23, como parte das atividades do Dia Mundial
em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho,
lembrado em 28 de abril.
Segundo o Anuário, a maioria dos
adoecimentos ainda são causados pelas Lesões por Esforço
Repetitivo, as LER/DORT. Dos 223 afastamentos ocorridos no ano
passado, 117 foram causadas pelos chamados distúrbios do sistema
músculo-esquelético-ligamentar.
O Anuário mostra, no
entanto, que as doenças psíquicas têm crescido assustadoramente.
No ano passado, 43 bancários foram afastados com transtornos metais,
um crescimento de 116% em seis anos.
Para o secretário de
Saúde do Sindicato, João Rufino, a negligência dos bancos com a
saúde dos bancários salta aos olhos. “Pernambuco é um dos
estados que mais tem crescido e se desenvolvido no Brasil. Os bancos,
que se aproveitam deste desenvolvimento, estão abrindo mais e mais
agências, sem contratar novos funcionários. Com isso, aumenta a
exploração aos bancários e o número de doenças ocupacionais em
nossa categoria”, explica.
Segundo Rufino, há outros
fatores, além da exploração, que interferem diretamente na saúde
do bancário. “A pressão desmedida pela venda de produtos e o
assédio moral têm causado muito estresse nos bancários e
repercutido em sua saúde física e mental. Os funcionários dos
bancos também têm convivido diariamente com a insegurança, o que
também impacta negativamente em sua saúde”, detalha.Desrespeito
– O anuário ainda revela que há uma subnotificação do número
de acidentes de trabalho registrado pelos bancos, que também fogem
das emissões da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). “Falta
fiscalização e os bancos se aproveitam disso”, comenta
Rufino.
Ao maquiar os números, as instituições financeiras
tentam não engrossar a lista do Nexo Técnico Epidemiológico para
diminuir os valores que pagam ao INSS com o Fator Acidentário
Previdenciário.
“Ou seja, para ganhar mais dinheiro, os
bancos sacrificam a saúde dos seus funcionários e ainda escondem o
número de adoecimentos”, ressalta Rufino. “E o mais trágico é
que todos os bancários que adoeceram foram considerados aptos ao
trabalho pelos exames periódicos e até demissionais. A negligência também se estende ao Sesmt (Serviço Especializado
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) dos bancos, que, salvo raras exceções, são omissos ”,
completa.
Ação e prevenção – Segundo Rufino, o objetivo
do Anuário, criado pela atual diretoria do Sindicato, é aprofundar
a discussão e execução de política de atenção à saúde dos
bancários. “Estamos fazendo um verdadeiro Raio-X sobre o processo
de trabalho e adoecimento dos bancários, compreendendo suas várias
atividades, funções e cargos. Assim, queremos não só combater as
doenças ocupacionais, como também preveni-las para evitar que
outros bancários tenham sua saúde e qualidade de vida
comprometidas”, finaliza o dirigente.