Números do Caged mostram que é preciso melhorar qualidade do emprego

Apesar do crescimento do número de empregos formais no país, ainda é
preciso melhorar a sua qualidade. A avaliação é da Central Única dos
Trabalhadores (CUT) e da Força Sindical ao analisarem os dados Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho,
divulgados nesta sexta-feira (16).


De acordo com os números do Caged, o Brasil criou 150,6 mil empregos
formais em fevereiro, resultado superior a janeiro (118,9 mil), mas que
significou o pior mês de fevereiro dos últimos três anos.


Seis dos oito setores econômicos monitorados pelo Caged contrataram mais
do que demitiram em fevereiro. A área de serviços foi o que apresentou o
melhor desempenho no mês, com a geração líquida de 93.170 postos de
trabalho.


A construção civil, com saldo de 27.811 empregos, e a indústria de
transformação, com 19.609, aparecem na sequência dos melhores
desempenhos setoriais. Os dois setores que registraram mais demissões do
que contratações foram o comércio, com saldo negativo de 6.645
empregos, e a agricultura, que fechou 425 postos de trabalho.


Para o presidente da CUT, Artur Henrique, o país está em uma situação
mais privilegiada em relação ao quadro do desemprego nos países
europeus. “É evidente que estamos em uma situação incomparavelmente
melhor que vários países da Europa, que estão em uma crise danada e com
desemprego absurdo. A situação do Brasil é absolutamente positiva em se
comparando com outros países. Estamos gerando emprego, ampliando a
formalização. Mas é preciso também encarar que estes são empregos, no
geral, com baixos salários e com alta rotatividade”, afirmou.


“O desemprego não está aumentando, mas a geração de novos empregos não é
da qualidade que gostaríamos que fosse”, disse João Carlos Gonçalves, o
Juruna, secretário-geral da Força Sindical. Para ele, qualidade
significaria, por exemplo, que o número de empregos crescesse no setor
da indústria, o que representaria mais qualificação, mais investimento e
mais renda. “É positivo porque está gerando emprego, mas precisamos
avançar e aumentar os postos de trabalho na área industrial”,
acrescentou.


Para que os empregos possam ser mais qualificados e melhor remunerados,
as centrais defendem mudanças na política macroeconômica nacional, com
redução da taxa básica de juros (Selic) e revisão na taxa de câmbio.


“Isso tem dificultado na área industrial porque facilita a importação.
Mudanças nessas questões facilitariam ganhar os empresários para
investir na área industrial e aumentar a produção em nosso próprio
país”, disse Juruna.


“É absolutamente fundamental continuar o processo de redução da taxa de
juros. Mas é preciso encontrar mecanismos para diminuir drasticamente
também o spread bancário e reduzir o custo do dinheiro que é cobrado de
pessoas físicas e jurídicas”, declarou Artur Henrique.

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