Estatal passa a eleger funcionário para Conselho de Administração

Assinada nos últimos dias do governo Lula, a lei que obriga as estatais a eleger empregados para os seus Conselhos de Administração começa a tomar forma.

A Petrobras saiu na frente e hoje anuncia o nome do empregado que participará das principais decisões estratégicas da gigante do petróleo.

Atrasado em relação a países europeus, mas já contando com algumas experiências em empresas privadas como a Vale, que teve essa exigência em seu edital de privatização, o Brasil terá nos próximos anos 64 Conselhos de estatais com participação de empregados.

Entre as grandes estatais, a Eletrobras é outra que está bem adiantada e prevê para o próximo dia 26 o anúncio da chapa vencedora. BNDES e Banco do Brasil ainda planejam suas eleições.

Para o diretor do departamento de coordenação e governança das empresas estatais (Dest) do Ministério do Planejamento, Murilo Barella, apesar de a lei não determinar um prazo para o fim do processo, a pressão dos sindicalistas vai garantir que não haja demora na implantação das novas regras.

Ele disse esperar que as empresas privadas sigam o exemplo e também adotem o sistema, que considera um avanço na área trabalhista.

“É inovador, uma iniciativa de democratização e modernização nas relações de trabalho”, afirma, destacando que a presença do trabalhador no Conselho é uma contribuição relevante também para as empresas.

“Diretor entra e sai, o empregado tem a perenidade, uma vivência de ponta. Enriquece o processo decisório.”

Na Alemanha, por exemplo, segundo o conselheiro do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) Leonardo Viegas, empresas com mais de 2.000 empregados são obrigadas por lei a ter um Conselho com 20 membros, sendo a metade empregados, como ocorre na Volkswagen e na Siemens.

Na Suécia também é lei, e na França há alguns casos. Para ele, a diversidade é a maior vantagem da entrada dos empregados no Conselho, mas diz que será preciso muito cuidado para evitar problemas com a inexperiência dos novos membros.

“Pode haver vazamento de informações, e isso é crime. O conselheiro pode achar irresistível contar na empresa que uma unidade vai ser fechada”, diz, sugerindo que deveria haver treinamento.

Na Vale – Exercendo seu segundo mandato como representante dos empregados na Vale, Paulo Soares de Souza, há 28 anos na mineradora, representa 60 mil trabalhadores e aplaude o processo que ocorre nas estatais.

Segundo ele, só agora, na gestão Murilo Ferreira, é possível exercer de fato essa função. “Vivemos dez anos de terror”, diz.

Em lua de mel com Ferreira, Souza e os demais membros do Conselho discutem uma nova maneira de remuneração na participação dos lucros e um novo sistema de promoções, considerados injustos na gestão anterior. 

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