O
mundo precisará criar 600 milhões de empregos na próxima década.
O alerta foi feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)
em relatório divulgado na segunda-feira (23), intitulado Tendências
Mundiais de Emprego 2012. O documento alerta para o fato de que não
haverá alterações significativas nas taxas de desemprego em todo o
mundo nos próximos quatro anos. A estimativa é que, neste ano, o
número de desempregados atinja 200 milhões e que, até 2016, esse
número possaalcançar os 206 milhões.
Caso o cenário
econômico sofra uma piora até o fim deste ano, o número de
desempregados em todo o mundo poderá atingir mais de 204 milhões e,
em 2013, mantendo-se o mesmo cenário, esse número poderá chegar a
209 milhões.
Em 2011, de acordo com o documento, o número de
jovens desempregados entre 15 e 24 anos chegou aos 74,8 milhões;
isso significa um aumento de mais de 4 milhões desde 2007. O
relatório diz ainda que 6,4 milhões de jovens perderam a esperança
de encontrar um emprego e deixaram o mercado de trabalho. Aqueles que
estão empregados, na maioria, trabalham em postos de meio período
ou estão submetidos a contratos temporários.
Segundo a OIT,
o número de pessoas empregadas sofreu uma queda entre 2007 e 2010. A
taxa de pessoas empregadas em 2007 no mundo todo era 61,2% e, em
2010, caiu para 60,2%, o maior declínio desde 1991. A OIT diz que as
projeções para os próximos anos não são boas e é possível que,
em 2013, seja registrada uma taxa ainda menor do que a de 2010. A
organização aponta ainda que, mesmo no melhor cenário, as taxas de
criação de empregos não serão suficientes para trazer um aumento
significativo dos níveis de emprego.
Ainda de acordo com o
relatório, as perspectivas econômicas mundiais são incertas e os
níveis de investimento em todo o mundo têm sido desiguais. Nas
economias avançadas e na Europa Oriental, os problemas financeiros
não foram resolvidos e há altos níveis de incerteza sobre as
perspectivas globais. Além disso, há uma menor propensão das
famílias ao consumo, o que tem retardado a recuperação dos
investimentos empresariais. A lenta recuperação desses
investimentos tem trazido efeitos negativos para as taxas de emprego,
como o aumento do desemprego.
Por outro lado, as economias
emergentes – como o Brasil – têm voltado aos níveis pré-crise de
investimento e deverão aumentar essas taxas no médio prazo. No
entanto, a desaceleração dos investimentos nas economias mais
fortes pode ser prejudicial para as economias em desenvolvimento.
A
OIT estima que o fortalecimento dos incentivos econômicos pode gerar
uma recuperação mais rápida e que um crescimento de 2% do Produto
Interno Bruto (PIB) mundial, traduzido em valores nominais de US$ 1,2
bilhões, é necessário para absorver a lacuna de empregos criada
pela crise financeira.
A OIT acredita que, para lidar com a
recessão prolongada criada pela crise financeira internacional e
colocar a economia mundial em um caminho sustentável, é necessária
uma mudança nas políticas públicas. Segundo a entidade, as
políticas promovidas no período da crise, de financiamento do
déficit público e a flexibilização monetária não são
eficientes. A OIT também sugere que uma maior liquidez financeira
poderia ajudar os países, com reflexos na economia mundial. Esse
tipo de medida, para o organismo internacional, é um dos pontos
necessários para estimular a criação de empregos.
O
relatório recomenda ainda uma maior regulação do sistema
financeiro para restabelecer a credibilidade e a confiança dos
mercados. Isso, conforme a OIT, permitiria que os bancos superassem o
risco creditício que se instalou com a crise. Além disso, todas as
empresas se beneficiariam com a volta do crédito, o que poderia
ajudar na criação de novos empregos.