Protesto do Sindicato denuncia falta de segurança nos bancos

A
nova onda de assaltos a bancos que atingiu Pernambuco desde o início
deste ano é resultado direto do descaso e da falta de investimentos
das instituições financeiras com a segurança de suas agências.
Para mudar esta situação e exigir que os bancos assumam a sua
responsabilidade, o Sindicato dos Bancários realizou nesta
sexta-feira, dia 20, um protesto que fechou a agência do Bradesco da
Encruzilhada durante todo o período da manhã.


O palco do
protesto foi escolhido pelo Sindicato porque, na última
segunda-feira, dia 16, a agência foi assaltada, deixando dois
ladrões mortos, um cliente levemente ferido e todos os funcionários
em pânico. Após o protesto, a unidade do Bradesco reabriu, por
volta do meio-dia.


A presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello,
destaca que desde o dia 7 de janeiro Pernambuco foi alvo de cinco
assaltos a banco, uma tentativa e um roubo a cliente no chamado
“crime da saidinha de banco”. Estes dados alarmantes mostram que,
em média, Pernambuco sofreu um assalto a banco a cada dois dias
neste início de ano. O Bradesco foi alvo de três dos cinco
roubos.


“O Bradesco e o Itaú são os bancos privados mais
ricos do país, os que mais lucram, e os que menos investem em
segurança. Mas o problema é geral e atinge todos os bancos. Nos
protestos de hoje, cobramos das instituições financeiras que
atendam uma série de reivindicações dos bancários para garantir a
segurança das agências e que, acima de tudo, cumpram imediatamente
a lei de segurança bancária que foi aprovada no Recife e em outras
cidades pernambucanas há um ano. Além de gananciosos, os bancos,
hoje, estão fora da lei”, comenta Jaqueline.


Durante o
protesto, o Sindicato desenhou no chão a silhueta de uma pessoa
morta, como a polícia costuma fazer nas cenas de crime. Os bancários
também espalharam tinta vermelha pela unidade, numa imitação de
sangue, e instalou na porta da agência um boneco de isopor vestido
de vigilante para mostrar que a segurança nos bancos é de
mentira.


>> Ouça reportagem sobre o protesto na Rádio dos Bancários
>> Confira a galeria de fotos do protesto 

Mesmo
com a agência fechada, o Sindicato ganhou o apoio massivo dos
clientes que aguardavam o fim do protesto e a abertura
da agência. Um dos clientes que apoiou a manifestação do Sindicato
foi o aposentado Antônio Amaro, que ficou ferido no braço durante o
assalto da última segunda-feira. “Foi um pânico só. Eu me lembro
de ter caído no chão durante o tiroteio e de ter sido socorrido por
um bombeiro”, contou.

Outro cliente do banco, José
Lourenço, também apoiou o Sindicato durante as manifestações e
reclamou da falta de segurança das instituições financeiras. “Os
bancos precisam contratar mais vigilantes e, no mínimo, colocar um
vidro blindado nas agências para que a gente fique protegido num
eventual tiroteio. Não há motivos para os bancos não cumprirem a
lei de segurança e nem atender as reivindicações dos bancários”,
disse.

A
servidora pública Elba Cipriano reclamou que nos postos de
atendimento bancário a falta de segurança é ainda maior que nas
agências. “Eu costumo usar o posto do Bradesco que fica na
maternidade da Encruzilhada. A unidade fica escondida atrás do
estacionamento e o gerente trabalha sozinho, sem nenhuma segurança.
O local já foi alvo de muitos assaltos na época em que pertencia ao
Bandepe. Sem segurança, a vida do bancário e a nossa fica à mercê
dos bandidos”, comentou Elba.


Fora
da lei –
Jaqueline
Mello destaca que após muita pressão do Sindicato, as Câmaras de
Vereadores de várias cidades de Pernambuco, como Recife, Olinda e
Abreu e Lima, aprovaram uma lei de segurança bancária baseada nas
reivindicações do Sindicato. Embora as novas legislações estejam
em vigor desde o primeiro semestre do ano passado, os bancos não
estão cumprindo as leis.

“É um total desrespeito com os
municípios e com a população. No Recife, a Justiça
 deu até este mês de janeiro para os bancos se enquadrem à
lei de segurança bancária. Infelizmente, não vimos nenhuma
movimentação das instituições financeiras no sentido de cumprir a
lei. Estamos mantendo contato com o Ministério Público e esperamos
uma ação enérgica contra os bancos (leia mais aqui)”, diz Jaqueline.

As
reivindicações –

A instalação de mais equipamentos de prevenção contra assaltos,
sequestros e extorsões está entre as principais reivindicações
dos bancários para garantir mais segurança nos bancos. Boa parte
dos itens está previsa na lei de segurança bancária do Recife, que
as instituições financeiras insistem em não cumprir.

Entre
os itens de segurança, estão a instalação da porta com detector
de metal em todas as agências e antes do autoatendimento, onde
ocorrem cerca de 31% das operações dos clientes, e a implantação
de mais câmeras de filmagem internas e externas, além de vidros
blindados nas fachadas.

Para combater os crimes de “saidinha
de banco”, os bancários querem a instalação de biombos entre
a fila de espera e a bateria de caixas. Outra reivindicação é a
instalação de divisórias entre os caixas, inclusive os
eletrônicos, para que os saques em dinheiro sejam feitos com
privacidade. O Sindicato também propõe a isenção das tarifas de
transferência de recursos (TED, DOC e ordens de pagamento), medida
que reduz a circulação de dinheiro e combate o crime da “saidinha
de banco”.

Os
crimes –

A primeira investida criminosa do ano em Pernambuco foi no sábado,
dia 7, no Bairro de São Miguel, na periferia de Arcoverde. O alvo
foi uma unidade do Banco Popular (correspondente bancário do Banco
do Brasil), que funcionava em pleno final de semana. Dois homens
chegaram ao local, renderam a atendente de caixa e levaram a quantia
de R$ 15 mil.

No dia 9 passado, foi a vez da agência Derby do
Banco do Brasil, localizada na Avenida Agamenon Magalhães, no
Recife. Em uma ação ousada três bandidos arrombaram um dos vidros
da unidade, invadiram a agência e efetuaram o assalto.

No dia
11, o assalto ocorreu no posto de atendimento do Bradesco que fica
dentro da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Três homens
armados invadiram a unidade e roubaram não só o dinheiro da
agência, mas também os pertences dos clientes, e a arma e colete a
prova de bala do vigilante.

O quarto assalto ocorreu nesta
segunda, dia 16, na agência do Bradesco da Encruzilhada, na zona
norte do Recife. Cinco homens armados invadiram a unidade no horário
de almoço de um dos vigilantes. Mas foram surpreendidos pela polícia
e, na troca de tiros, um dos bandidos morreu no local, traumatizando
clientes e bancários, que receberam o auxílio do Sindicato.

No
dia seguinte, 17, nova investida criminosa, agora na agência do
Bradesco, que funciona dentro do Hospital Universitário Oswaldo
Cruz, no Recife. Três homens aproveitaram o horário de almoço do
segurança e colocaram a arma no porta objetos. Dessa forma,
conseguiram passar pela porta de entrada do local sem nenhum
problema.

Nesta quarta-feira 18, pelo terceiro dia
consecutivo, uma agência bancária no Recife sofreu investida de
assaltantes. Por volta das 16h, dois homens armados tentaram roubar o
Bradesco da Avenida Agamenon Magalhães, localizado nas proximidades
da Praça do Derby, centro da capital pernambucana. Dessa vez, no
entanto, os vigilantes conseguiram agir a tempo e travaram as portas
giratórias. De mãos vazias, a dupla fugiu. Apesar do assalto não
ter sido consumado, os bancários entraram em pânico.

No
mesmo dia, a dona de casa Cristina (a redação vai preservar seu
sobrenome) foi assaltada na “saidinha de banco”, no HSBC da
avenida Caxangá. Ela havia sacado R$ 1.500 que foram levados por um
ladrão que a esperava com revolver na mão na porta da agência. O
bandido também levou dois celulares da vítima e a chave do carro.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi