Sindicato protesta nesta sexta contra a falta de segurança nos bancos

O Sindicato realiza nesta sexta-feira, dia 20, um protesto contra o descaso dos bancos com a segurança de suas agências, que gerou uma nova onda de assaltos em Pernambuco nos últimos dez dias. O protesto do Sindicato está marcado para 9h, em frente à agência do Bradesco da Encruzilhada, que foi assaltada na última segunda-feira, dia 16.

Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, a falta de investimento dos bancos em segurança já passou dos limites. “O Sindicato tem reivindicado há anos uma série de itens de segurança para as agências bancárias, mas os bancos fazem ouvidos moucos para nossas demandas. Em Pernambuco, conseguimos aprovar uma lei de segurança bancária em várias cidades, inclusive no Recife, mas as instituições financeiras ignoram solenemente a legislação. Com este protesto, esperamos garantir o envolvimento da sociedade nesta luta, que não é só dos bancários, mas de todos os clientes e usuários do sistema financeiro”, diz Jaqueline.

Desde o dia 7 de janeiro, Pernambuco já foi alvo de cinco assaltos a banco, uma tentativa e um roubo a cliente no chamado “crime da saidinha de banco” (veja como foram as investidas criminosas abaixo). Estes dados alarmantes mostram que, em média, Pernambuco sofreu um assalto a banco a cada dois dias neste início de ano.

Jaqueline lembra que o
Ministério Público deu até este mês de janeiro para os bancos se enquadrem à lei de segurança bancária do Recife. “Infelizmente, não vimos nenhuma movimentação das instituições financeiras no sentido de cumprir a lei. Estamos mantendo contato com o Ministério Público e esperamos uma ação enérgica contra os bancos”, diz Jaqueline.

As reivindicações – A instalação de mais equipamentos de prevenção contra assaltos, sequestros e extorsões está entre as principais reivindicações dos bancários para garantir mais segurança nos bancos. Boa parte dos itens está previsa na lei de segurança bancária do Recife, que as instituições financeiras insistem em não cumprir.

“Com lucros bilionários, os bancos têm recursos de sobra para colocar portas de segurança em todas as agências e antes do autoatendimento, onde ocorrem cerca de 31% das operações dos clientes. Também exigimos a implantação de mais câmeras de filmagem internas e externas e vidros blindados nas fachadas, além da melhoria da assistência médica e psicológica aos bancários e clientes vítimas da insegurança nos bancos”, conta Jaqueline.

Para combater os crimes de “saidinha de banco”, os bancários querem a instalação de biombos entre a fila de espera e a bateria de caixas. Outra reivindicação é a instalação de divisórias entre os caixas, inclusive os eletrônicos, para que os saques em dinheiro sejam feitos com privacidade. “Também propomos a isenção das tarifas de transferência de recursos (TED, DOC e ordens de pagamento), medida que reduz a circulação de dinheiro e combate o crime da saidinha de banco”, explica Jaqueline.

Nas duas últimas campanhas salariais, os bancários conquistaram alguns avanços no combate à insegurança bancária. “Isso é positivo, mas vale ressaltar que os avanços são tímidos perto da nossa pauta de reivindicação e da realidade das ruas”, comenta Jaqueline. Em 2010, os bancários garantiram o atendimento médico e psicológico assim que houver algum assalto e que os bancos registrem boletim de ocorrência em todos os casos, além da possibilidade de realocação para outra agência do trabalhador vítima de sequestro e da apresentação semestral de estatísticas nacionais sobre assaltos e ataques. Em 2011, os trabalhadores conseguiram acabar com o transporte de numerário feito por bancários.

Os crimes – A primeira investida criminosa do ano em Pernambuco foi no sábado, dia 7, no Bairro de São Miguel, na periferia de Arcoverde. O alvo foi uma unidade do Banco Popular (correspondente bancário do Banco do Brasil), que funcionava em pleno final de semana. Dois homens chegaram ao local, renderam a atendente de caixa e levaram a quantia de R$ 15 mil.

No dia 9 passado, foi a vez da agência Derby do Banco do Brasil, localizada na Avenida Agamenon Magalhães, no Recife. Em uma ação ousada três bandidos arrombaram um dos vidros da unidade, invadiram a agência e efetuaram o assalto.

No dia 11, o assalto ocorreu no posto de atendimento do Bradesco que fica dentro da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Três homens armados invadiram a unidade e roubaram não só o dinheiro da agência, mas também os pertences dos clientes, e a arma e colete a prova de bala do vigilante.

O quarto assalto ocorreu nesta segunda, dia 16, na agência do Bradesco da Encruzilhada, na zona norte do Recife. Cinco homens armados invadiram a unidade no horário de almoço de um dos vigilantes. Mas foram surpreendidos pela polícia e, na troca de tiros, um dos bandidos morreu no local, traumatizando clientes e bancários, que receberam o auxílio do Sindicato.

No dia seguinte, 17, nova investida criminosa, agora na agência do Bradesco, que funciona dentro do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife. Três homens aproveitaram o horário de almoço do segurança e colocaram a arma no porta objetos. Dessa forma, conseguiram passar pela porta de entrada do local sem nenhum problema.

Nesta quarta-feira 18, pelo terceiro dia consecutivo, uma agência bancária no Recife sofreu investida de assaltantes. Por volta das 16h, dois homens armados tentaram roubar o Bradesco da Avenida Agamenon Magalhães, localizado nas proximidades da Praça do Derby, centro da capital pernambucana. Dessa vez, no entanto, os vigilantes conseguiram agir a tempo e travaram as portas giratórias. De mãos vazias, a dupla fugiu. Apesar do assalto não ter sido consumado, os bancários entraram em pânico. “O medo era visível na cara das pessoas, até por conta das notícias dos últimos dias. Conversamos com a gerente da agência e exigimos a presença de um psicólogo para atender os bancários”, conta o diretor do Sindicato Fábio Régis, que foi ao local assim que a tentativa de assalto aconteceu.

No mesmo dia, a dona de casa Cristina (a redação vai preservar seu sobrenome) foi assaltada na “saidinha de banco”, no HSBC da avenida Caxangá. Ela havia sacado R$ 1.500 que foram levados por um ladrão que a esperava com revolver na mão na porta da agência. O bandido também levou dois celulares da vítima e a chave do carro.

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