O governo federal não vai conceder aumento acima da inflação para os
aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
que recebem mais de um salário mínimo por mês, informou o
ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto
Carvalho. “Não há reajuste real”, garantiu ele, após se reunir na
terça-feira (20) com sindicalistas e representantes dos aposentados, em
Brasília.
As entidades reivindicam aumento em torno de 12% para os cerca de 9
milhões de aposentados e pensionistas do país que ganham mais de um
salário mínimo. O impacto do reajuste nesse patamar representaria, de
acordo com o governo, uma despesa adicional de cerca de R$ 8 bilhões
para a Previdência.
Carvalho ressalvou que a decisão não é definitiva e o tema voltará a ser
discutido no ano que vem. “Não é uma conversa encerrada. Para ter
reajuste ano que vem não precisa colocar no Orçamento. Podemos conceder
reajuste depois, a conversa continua”.
Sem acordo, a categoria só terá a reposição da inflação. Até o momento, o
governo propõe acréscimo de 6,3%, referente à estimativa da variação do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) este ano.
O ministro explicou que o momento econômico de incertezas em relação à
crise economica mundial exige cautela do governo federal. “Temos
responsabilidade, estamos vendo a crise internacional. Para nós, a coisa
mais importante é ter uma linha de política econômica. Ser governo é
isso, tem que ter coragem de enfrentar e de dizer não. Até com dor no
coração”, justificou.
Para o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, o veto ao
reajuste dos aposentados está relacionado à sustentabilidade do sistema,
que precisa passar por reformas. “A discussão é a situação da
Previdência, que está precisando de uma reforma para poder pagar melhor
os aposentados. Essa a minha posição”.
A posição do governo não agradou aos representantes dos aposentados.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, João Batista
Inocentini, o aumento reivindicado ajudaria a estimular a economia.
“Lula, quando deu aumento para os aposentados, também ajudou o país a
sair da crise. Não dá para aceitar [o veto]. Não tenho dúvida de que a
presidenta vai perder o voto dos aposentados”, criticou ele.