Victor
Raphael tem apenas 23 anos. Foi aluno da Fundação Bradesco e entrou
no banco cheio de planos, com apenas 19 anos. Viu o Bradesco destruir
sua saúde psíquica e, depois, descartá-lo. Hoje, não sente
vontade de mais nada, já passou por várias tentativas de suicídio,
abandonou faculdade e precisa tomar medicamentos controlados. Na
última segunda, dia 05, ele ao menos conseguiu o que era uma
“questão de honra”: sua reintegração.
Victor
conta que era “uma pessoa normal”. Mas a pressão no trabalho e a
troca de horário para o período noturno destruíram sua saúde. No
começo, ele não sabia que tinha depressão. Sentia uma angústia,
um nó na garganta, tinha tremores e se irritava facilmente. Os dois
cursos que ele tentou fazer, contábeis e administração, ficaram
pela metade. Foi sua esposa e sua mãe que o levaram a procurar um
médico que diagnosticou a doença.
Desde
o início do ano, ele está em tratamento e faz uso de medicação
controlada. Não consegue pegar um ônibus ou metrô, está proibido
de dirigir, já tentou suicídio várias vezes. “Já meti o carro
no poste, abri a porta do carro em movimento, enfiei uma chave de
fenda na mão… Eu não sei explicar. Perdi o controle de minha
vida”, diz o bancário.
Mesmo
doente, Victor insistia em trabalhar. “As vezes chegava na agência
sob efeito de remédios. O sono era terrível. Na pausa que eu tinha,
dos 15 minutos, corria para dentro do carro e dormia”, lembra.
Com
o tempo, o bancário começou a densenvolver horror ao ambiente
bancário. O trabalho era, para ele, um sofrimento imenso. “Nos
finais de semana, eu desligava o celular e gostava de ir para o
campo, praia ou qualquer lugar longe de computador e de banco. Isso
fazia com que eu me sentisse melhor”, diz Victor.
Descartado
– Foi justamente em uma dessas ocasiões, quando aproveitara um
final de semana para ir ao Clube de Campo dos Bancários, que foi
surpreendido com a demissão. Na segunda-feira, sua esposa teve um
sangramento e ele precisou acompanhá-la ao médico. Acabou faltando
o trabalho e, no retorno, recebeu o comunicado de desligamento. “Me
senti traído. Depois de tudo o que fiz pelo banco e de tudo o que eu
tenho passado, aquilo foi a gota dágua”, conta o trabalhador.
O
Sindicato não homologou a demissão. Victor foi encaminhado ao INSS
e entrou na Justiça para recuperar seu emprego. Conseguiu a
reintegração na última segunda, 05. A saúde, entretanto, ele
ainda não conseguiu recuperar e permanece de licença pelo INSS.