Bancos geram 18.167 empregos. Itaú e Santander cortam 4.132 vagas

Os bancos que operam no Brasil geraram 18.167 novos postos de trabalho entre janeiro e setembro deste ano. Mas ampliaram a rotatividade. Ou seja, substituíram empregos de maior salário por outros que ganham menos. A geração de empregos poderia ter sido maior não fossem o Iatú-Unibanco e Santander, líderes em demissões. Eles cortaram, respectivamente, 2.496 e 1.636 vagas neste período.

Em Pernambuco, de janeiro a novembro, o Itaú dispensou 77 trabalhadores: 55 foram demitidos sem justa causa e 22 pediram para sair. “A pressão é tão grande que os bancários não estão aguentando”, diz o secretário de Saúde do Sindicato, João Rufino. Segundo ele, embora o banco tenha garantido que não pretendia fechar agências nem dispensar trabalhadores, a postura tem sido outra. “E os mais atingidos são os que tem mais tempo de casa, que estão sendo substituídos por funcionários com salários menores, e o pessoal da área operacional”, afirma o diretor.

Esta prática se revela não apenas no Itaú. Segundo a 11ª Pesquisa de Emprego Bancária, elaborada desde 2009 pela Contraf/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e Dieese – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-econômicos, o saldo positivo de emprego nos bancos se concentra nas faixas salariais mais baixas. O segmento entre 2,01 a 3 salários mínimos registrou saldo de 23.948 postos de trabalho. A partir daí, todas as faixas apresentam saldo negativo de emprego.

Alta rotatividade – No segmento de 3,01 a 7,0 salários mínimos, houve a diminuição de 4.535 postos de trabalho. Esse movimento deve-se ao fato de a grande maioria das admissões (68,3%) estar concentrada na faixa de até 3 salários mínimos, enquanto os desligamentos se distribuíram pelas faixas superiores de remuneração. “Isso prova que os bancos continuam utilizando a alta rotatividade como instrumento para reduzir seus gastos com a folha de pagamento, demitindo os bancários com salários mais altos”, salienta o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

Entre os desligados, 47,2% destes postos estavam nas faixas a partir de 3 salários mínimos. Com isso, a remuneração média de quem é admitido (R$ 2.487,74) é 38,45% inferior à média salarial dos desligados (R$ 4.041,62). As admissões na faixa de até 3 salários mínimos, em setembro de 2010, correspondiam a 59,65% do total de admissões.

A pesquisa revela ainda que apenas 24,63% (ou 6.782 pessoas) estavam no emprego há pelo menos dez anos. Os trabalhadores com até um ano de banco somam 20,67% dos desligamentos nos bancos em 2011, enquanto aqueles com mais de um e menos de cinco anos no emprego, representam 38,55% do total de desligados. Ou seja, 59,22% dos bancários são desligados antes de completarem cinco anos no emprego, o que evidencia a alta rotatividade no setor.

“É um absurdo que, de cada cinco trabalhadores, um deixe o banco antes de completar 12 meses casa. A altíssima rotatividade torna instável o emprego bancário e acaba com as perspectivas de carreira, especialmente no setor privado”, critica Carlos Cordeiro.

Em setembro de 2010, o número de trabalhadores com até 5 anos representava 57,6% do total de desligados, sendo 15,7% os que saíram antes de completarem 1 ano.

Na comparação com o saldo de 1.805.337 empregos gerados pela economia brasileira nos primeiros nove meses do ano, os bancos contribuíram com apenas 1,01% desse total. No mesmo período, a remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.487,74, o que revela uma redução de 38,45% frente à remuneração dos desligados, que foi de R$ 4.041,62.

De janeiro a setembro, as demissões sem justa causa voltaram a ser o principal motivo dos desligamentos, atingindo 47,8% do total de despedidas. Com isso, o percentual dos desligamentos a pedido que, nas pesquisas anteriores eram responsáveis pela maior parte da saída de empregados nos bancos, caiu ficando em 45,9% no período.

Queda no terceiro trimestre – Um ponto preocupante revelado pela pesquisa é a queda na geração de empregos no terceiro trimestre. Houve uma redução de 23,32% no terceiro trimestre em relação a igual período do ano passado. Houve abertura de 6.189 novas vagas contra 8.071 no mesmo trimestre de 2010.

Os empregos gerados nos primeiros nove meses do ano foram o resultado de 46.064 admissões e 27.897 desligamentos. Esse saldo positivo significa expansão de 6,45% no emprego bancário em relação ao mesmo período de 2010, quando foram criadas 17.067 novas vagas. Já o crescimento em relação ao número de empregados que havia no setor em dezembro de 2010 foi de 3,76%, totalizando agora 483.097 trabalhadores.

A demissão sem justa causa avançou para 47,79% nos primeiros nove meses do ano e tornou-se o principal tipo de desligamento da categoria, ultrapassando os 45,90% dos casos de demissão a pedido, que havia sido responsável pela maior parte dos desligamentos no ano passado.

Crescimento no Norte e Nordeste – A Região Sudeste apresentou o melhor desempenho nos primeiros nove meses de 2011, com a criação de 7.915 postos de trabalho, mas as regiões Norte e Nordeste apresentaram maior percentual de crescimento na geração de postos de trabalho do setor bancário.

Em relação ao período de janeiro a setembro de 2010, as Regiões Norte e Nordeste destacam-se pela significativa expansão dos postos de trabalho no setor, com crescimento de 125,47% e 478,11%, respectivamente, apesar de expressiva diferença de remuneração entre admitidos e desligados.

Em sentido contrário, a Região Sudeste, apesar do maior saldo de empregos, apresentou queda de 31,73% em relação ao mesmo período de 2010. Em redução também, porém, não tão significativa, aparecem as regiões Sul (-4,55%) e Centro-Oeste (-0,57%).

Líderes em demissão – A pesquisa inclui também um olhar sobre os dados divulgados nos balanços dos cinco principais bancos (Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander). Apesar dos lucros bilionários, o Itaú e Santander fecharam 2.496 e 1.636 postos de trabalho, respectivamente, nos primeiros nove meses deste ano.

O número de funcionários do Itaú era de 102.316 trabalhadores em dezembro de 2010 e cresceu para 104.022 em março de 2011. No entanto, houve fechamento de 4.202 postos entre março e setembro, apresentando 99.820 empregados em setembro. Isso significa uma queda de 2,44% no saldo de empregos em relação ao final do ano passado e de 4,04% na comparação com março de 2011. “E o pior é que, com o fechamento do Centro de Compensação em 2012, a previsão é de que outros 1.100 bancários sejam desligados, 28 deles em Pernambuco”, diz o secretário de Saúde do Sindicato, João Rufino.

No Santander, o número total de funcionários, em dezembro de 2010, era de 54.406 trabalhadores. Ao final do terceiro trimestre de 2011, o número registrado foi 52.770, o que significa um corte de 1.636 empregos (queda de 3% em relação ao final do ano passado). Em Pernambuco, foram desligados 69 trabalhadores entre janeiro e novembro deste ano.

Enquanto isso, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal apresentaram saldos positivos de 6.086, 4.568 e 1.990 empregos, respectivamente, o que foi decisivo para geração de 18.167 postos de trabalho em todo setor bancário nos primeiros nove meses do ano.

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