Para a Contraf-CUT, faltou ousadia ao Comitê de Política Monetária
(Copom) na última reunião do ano, finalizada nesta quarta-feira (30),
que reduziu em 0,5% a taxa Selic, passando-a de 11,5% para 11% ao ano.
“O Copom acertou no remédio, mas continua errando na dosagem. É preciso
ter ousadia e acelerar o ritmo de queda da Selic. O Brasil é ainda
campeão mundial dos juros altos, o que emperra a geração de empregos, o
incremento da produção e o desenvolvimento econômico”, avalia Carlos
Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
A tímida redução da Selic ocorreu no mesmo dia em que o ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel
anunciou que o governo divulgará novo pacote de estímulo ao crédito.
Para o dirigente da Contraf-CUT, “a melhor medida para alavancar o
crédito é a queda acentuada da Selic e das taxas de juros praticadas
pelos bancos, como forma de oferecer taxas compatíveis e fortalecer o
mercado interno”.
Cordeiro analisa que o país necessita cada vez mais de juros menores. “O
Brasil precisa de condições que garantam a continuidade do ciclo de
desenvolvimento econômico, inclusive como antídoto para proteger a
economia de qualquer problema que possa advir da crise europeia”,
salienta.
“O corte de 0.5% na Selic traz uma economia de cerca de R$ 8,5 bilhões
na dívida pública, o que é positivo, mas o ganho podia ter sido maior”,
alerta o dirigente sindical. Para ele, “é preciso acabar com esse
programa de transferência de renda aos donos de títulos públicos, a
chamada bolsa-banqueiro, cujo orçamento da União prevê o repasse da
ordem de R$ 240 bilhões em 2011. Isso representa 18 vezes mais do que o
orçamento previsto de R$ 13,4 bilhões para o Bolsa Família”, compara o
dirigente sindical.
Segundo o dirigente sindical, “só ganham com os juros altos os
banqueiros e o capital especulativo, enquanto perdem todo setor
produtivo e os que defendem o desenvolvimento do país, bem como as
camadas mais pobres da sociedade, que dependem de políticas públicas
para saírem da miséria”.
O presidente da Contraf-CUT reitera que, além das metas de inflação, o
Banco Central deveria fixar metas sociais, como geração de empregos,
crescimento econômico e medidas para diminuir as desigualdades sociais.
“Para isso, é fundamental abrir o Copom para a participação da sociedade
civil organizada”, defende.
“Está mais do que na hora de discutir o papel do BC e dos bancos na
sociedade brasileira”, reforça Cordeiro que propõe a realização da 1ª
Conferência Nacional sobre o Sistema Financeiro, a exemplo de outras já
promovidas, como a da Saúde, Segurança Pública e Comunicação. “Queremos
que todos os agentes sociais possam debater o papel e a atuação das
instituições financeiras, assim como o acesso ao crédito, a política de
juros e a inclusão bancária para todos os cidadãos brasileiros”,
conclui.