Bancários cobram negociação outra vez com Santander

A Contraf-CUT, federações e sindicatos encaminharam nesta segunda-feira, dia 21, nova correspondência ao superintendente de Relações Sindicais do Santander, Jerônimo dos Anjos, cobrando o início das negociações para a renovação com avanços do acordo aditivo à convenção coletiva de trabalho e do acordo do Programa de Participação nos Resultados Santander (PPRS), além dos termos de compromisso do Banesprev e Cabesp.

“Trata-se da terceira carta enviada pelas entidades sindicais, a fim de abrir o diálogo com o Santander, que havia prometido negociar logo após o fechamento da Campanha Nacional dos Bancários, o que ocorreu no dia 21 de outubro, mas ainda permanece em silêncio”, afirma o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.

Os documentos anteriores foram encaminhados nos dias 21 de outubro e 7 de novembro. Já a minuta de reivindicações específicas foi entregue no dia 30 de agosto.

Os trabalhadores do Santander são os únicos, entre os bancos privados, a manter um acordo aditivo. Entre as conquistas estão a inclusão do intervalo de 15 minutos dentro da jornada de seis horas, 2 mil bolsas de auxílio-educação para a graduação e a ampliação da licença-amamentação, dentre outras.

Os bancários reivindicam a inclusão de novas cláusulas como a garantia do emprego, cinco dias de ausências abonados por ano, adiantamento de um salário nas férias a ser pago em dez vezes sem juros, eleições democráticas dos representantes dos participantes do SantanderPrevi e Sanprev, manutenção da assistência médica para todos os aposentados e o aumento do PPRS.

O banco, no entanto, não demonstra valorizar os funcionários que mais trazem resultados aos seus cofres. Mesmo dando ao Santander, apenas entre janeiro e setembro deste ano, um lucro líquido de R$ 5,956 bilhões – crescimento de 9% em comparação ao mesmo período do ano passado – 1.636 postos de trabalho foram fechados em 2011, o equivalente a 3% de seu quadro de funcionários no país. Além disso, há uma enorme rotatividade de trabalhadores.

Enquanto na vizinha Argentina os trabalhadores terceirizados do call center foram incorporados e na Espanha já é uma realidade os cinco dias de ausência abonados e o bolsa de férias – um incentivo financeiro aos funcionários que usufruem do período de descanso nos meses menos concorridos -, os bancários brasileiros ainda são obrigados a lutar por esses direitos.

Jornada Continental de Lutas – A nova cobrança por negociações ocorre na abertura da Jornada Continental de Lutas, que ocorre nesta semana em todos os países onde o Santander está presente na América Latina. Até sexta-feira, dia 26, os trabalhadores realizam manifestações cobrando respeito ao direito de liberdade sindical, negociação coletiva e fim das perseguições e discriminações. Os funcionários também irão denunciar a utilização de práticas antissindicais por parte da instituição.

Também serão reivindicadas negociações para a assinatura de um acordo marco global, a exemplo dos instrumentos já assinados com Banco do Brasil, Danske Bank (Alemanha), NAG (Austrália), Nordea (Península Escandinava) e Arclays África (Inglaterra).

No dia 26 de outubro, representantes de quatro entidades sindicais da América Latina (Brasil, Argentina, Chile e Colômbia) e da Espanha se reuniram pela primeira vez com a direção do banco, na Cidade Financeira do Santander, em Boadilla del Monte, nas proximidades de Madri. O Brasil foi representado por Ademir e pelas diretoras do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa e Maria Rosani.

Foi entregue uma carta ao diretor de Relações Laborais do Santander na Espanha, Juan Gorostidi Pulgar, apoiando a iniciativa das entidades sindicais no Comitê de Empresa Europeu do Santander, propondo a formação de uma coordenadora mundial e o início das negociações com a UNI Finanças com o objetivo de firmar um acordo marco global.

No Brasil as manifestações desta semana serão intensas. No país de onde o Santander obtém 25% do seu lucro mundial, os funcionários cobram o fim de práticas antissindicais e do assédio moral propiciado, principalmente, pela imposição de metas abusivas e inalcançáveis. Além disso, os bancários querem a retomada das negociações para renovação do acordo aditivo.

Possível venda de ações – Outra notícia que tem preocupado aos trabalhadores brasileiros diz respeito às especulações na imprensa de que os controladores do Santander podem vender 3,2% das ações do Santander Brasil, o que, segundo analistas do mercado financeiro, poderia ser vantajoso ao Santander na Espanha, mas prejudicial aos papéis do Santander Brasil.

De acordo com o coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Marcelo Sá, o banco precisa rever sua atuação no país. “O Brasil não pode pagar pela crise da Espanha. Nosso país tem dado retornos formidáveis ao banco e nossos trabalhadores não têm salários e direitos tão vantajosos como os que recebem os trabalhadores espanhóis”.


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