Bancos brasileiros têm US$ 16,4 bilhões em títulos de países na zona do euro

Os bancos brasileiros têm US$ 16,4 bilhões em títulos públicos e
privados dos países da zona do euro, diz relatório do BIS (BC dos BCs).
São papéis que, além de risco cambial (tem valor nominal em euro),
oscilam ao sabor do aumento da probabilidade de calote nas economias
europeias.


Só com Portugal, Espanha e Itália, os bancos brasileiros tinham “a
receber”, respectivamente, US$ 1,542 bilhão, US$ 1,690 bilhão e US$ 525
milhões em junho deste ano, último dado do BIS.


Os três países fazem parte do grupo conhecido como Piigs (sigla para
Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), que tiveram explosão na
percepção de risco e nas taxas pedidas pelo mercado para rolar suas
dívidas.


Só na Itália, os juros do governo oscilaram de 4,82% para 7,48% apenas
neste ano. Na Espanha, as taxas saltaram de 5,453% para 6,336%. O
aumento de juros dos “títulos” costuma reduzir o valor nominal desses
papéis, que só são vendidos no mercado com forte “deságio”.


Com a Grécia, que terá calote de 50% de sua dívida, os bancos
brasileiros têm só US$ 7 milhões. Somando todos os Piigs, os bancos do
Brasil têm US$ 3,772 bilhões “a receber”.


Esse montante, porém, é um fração de só 0,14% dos ativos totais dos
bancos brasileiros – de R$ 4,024 trilhões (US$ 2,58 trilhões ao câmbio
de junho), segundo o BC – e de 1,03% dos títulos públicos e privados
nacionais em suas tesourarias – R$ 563 bilhões (US$ 360 bilhões).


Parte importante desses valores “a receber” com os países da zona do
euro diz respeito a transações entre a filial brasileira e a matriz do
espanhol Santander.


No balanço do trimestre, o Santander brasileiro informava que tinha
emprestado R$ 2,519 bilhões (US$ 1,614 bilhão, no câmbio da época) à
matriz, ao mesmo tempo em que devia R$ 1,256 bilhão (US$ 805 milhões)
aos espanhóis.

Dependência Europeia – Segundo o BIS, a maior exposição dos bancos brasileiros na zona do euro é
com Luxemburgo, paraíso fiscal e sede de empresas multinacionais, de
US$ 2,460 bilhões.


Na Europa como um todo, a exposição dos bancos brasileiros chega a US$
25,469 bilhões -superando a dos EUA, de US$ 24,523 bilhões.


A conta soma a exposição nos países do euro (US$ 16,4 bi) com as
posições de Suíça (US$ 1,836 bilhão), Suécia (US$ 334 milhões) e Reino
Unido (US$ 8,693 bilhões).


Para o economista Luiz Troster, especialista em bancos, a exposição das
instituições brasileiras é irrelevante e só ocorre devido a interesses
particulares ou de negócios de clientes na região.


“Não faz nenhum sentido para um banco brasileiro aplicar em títulos que
no melhor cenário vai render 7%, enquanto pode comprar no Brasil títulos
que rendem 11,5%”, afirmou.

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