Dois ingredientes estão
servindo como fermento na greve dos bancários. O primeiro deles é a
disposição dos trabalhadores, inclusive do pessoal dos bancos
privados. Muitos deles, sobretudo do HSBC, não apenas estão parando
sozinhos sua agência como tem ajudado a consolidar o movimento em
outras unidades.
É o caso de João Eudes, do HSBC de Olinda.
Ele chegou cedo na agência, conversou com o gerente, garantiu que a
agência estaria fechada e foi até o Banco do Brasil. Lá, se juntou
aos colegas do banco público para ajudar a fechar o Santander e o
Bradesco. Só então, voltou para sua base, o HSBC.
O segundo
fator de fortalecimento da greve é o apoio da população. Cliente
do Santander, Jorge Maia tinha um contrato cujo pagamento vencia
nesta quarta. Ele conta que fizera um empréstimo com o banco, que
passou a debitar automaticamente em sua conta, incluindo juros
extorsivos. A empresa foi obrigada a ressarcir tudo aquilo que foi
cobrado a mais e a fazer um contrato, com um boleto de cobrança para
ser pago todo mês.
“O problema é que o vencimento é hoje
e o pagamento só pode ser feito aqui. Não dá pra pagar na lotérica
nem pela internet. Mas eu apoio o movimento. É um direito do
trabalhador”, diz.
O educador Alexandre Bandeira é cliente
do Bradesco de Olinda. Ele conta que, no primeiro dia de greve,
chegou a brigar com outro cliente que chamara os bancários de
vagabundos. “Eu também sou trabalhador e não aceito que ninguém
xingue um profissional porque está brigando pelos seus direitos”,
diz.
A comerciante Enaide, por sua vez, vende bombons na
frente do Banco do Brasil da Rio Branco. Mesmo se sentindo um pouco
prejudicada, ela apoia a greve dos bancários. “É um direito
deles, né? Lutar por melhores salários… Mas o movimento diminui,
as pessoas ficam sem dinheiro pra comprar… Por isso, eu espero que
isso acabe logo e que os bancários recebam o seu aumento”.
