“Estou melhorando,
aos poucos. E hoje foi um dia feliz para mim. Sou muito grato a todos
do Sindicato”. A afirmação é do bancário Sebastião Alcionam
Barbosa, reintegrado nesta sexta, 23, aos quadros do Bradesco. Com 27
anos de serviços prestados, ele foi descartado pelo banco em maio
deste ano. O mesmo banco que destruiu sua saúde psíquica, que
abalou suas relações pessoais, que deixou sua vida em preto e
branco.
Desde 2007, Sebastião sofre de depressão. Para a
psiquiatra, a carga excessiva e a pressão no ambiente de trabalho
foram determinantes para o adoecimento. “Ela me aconselhou várias
vezes a me afastar do trabalho, mas eu preferia me tratar, tirar dois
a três dias de licença e voltar”, conta o trabalhador.
Ele
diz que passou a ter medo de tudo: “chegava tremendo ao trabalho,
achando que algo ia dar errado. Sofria muita ansiedade. Depois, fui
perdendo a motivação. Não queria mais sair de casa, acabei meu
relacionamento”, diz.
E assim se passaram quatro anos. Mas,
do ano passado para cá, o drama de Sebastião ficou ainda pior. Em
setembro de 2010, ofereceram-lhe a transferência para o Piauí. Ele
negou. No final do ano, fizeram-lhe nova proposta: ele seria
promovido, mas para trabalhar no Ceará. “Eu aleguei que não tinha
condições psicológicas de deixar minha família, meu MBA e ir para
o Ceará, onde ficaria responsável por 16 agências”, conta o
bancário.
Passou, então, a ser perseguido. “Chegaram a me
dizer que eu era um homem do Sertão e que depressão não é coisa
de homem”, lembra ele. Paralelamente, o banco assumiu a folha de
pagamento dos servidores do Estado, o que aumentou a sobrecarga de
trabalho. E, em maio deste ano, ele foi demitido, dois dias depois
que seu gerente de contas também fora dispensado.
A luta do
Sindicato – O Sindicato recusou-se a homologar a demissão e levou o
caso à Justiça, que garantiu a reintegração por tutela
antecipada. Significa que, ainda que o processo continue correndo, o
banco é obrigado a reintegrar o bancário a seu quadro de pessoal, o
que aconteceu nesta sexta, 23. No despacho, o juiz lembra que o banco
estava ciente da doença do trabalhador desde 2007 e sequer
apresentou exames periódicos ou demissionais.
Sebastião
continua de licença. “Estou em tratamento, com acompanhamento
psicológico e psiquiátrico. Meus médicos já disseram que eu não
tenho condições de voltar ao trabalho. Mas me sinto um pouco
melhor. A depressão é como uma tempestade, que vai se acalmando aos
poucos…”, diz.