Contraf-CUT questiona novo plano de crescimento do Santander no Brasil

O anúncio do presidente do Santander Brasil,
Marcial Portela, de que o banco espanhol quer aumentar a participação
brasileira de 25% para 30% no lucro mundial do banco espanhol no
próximo ano foi recebido com preocupação pelos bancários. A
projeção foi divulgada na edição de terça-feira, dia 13, no
jornal Brasil Econômico, sem qualquer estimativa de geração
de empregos e melhoria do atendimento aos clientes.

“Os
trabalhadores estão trabalhando no limite há muito tempo,
submetidos a metas abusivas, assédio moral e carência de pessoal na
rede de agências, acarretando sobrecarga de trabalho, estresse e
adoecimento”, alerta o funcionário do banco e secretário de
imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.

No primeiro
semestre deste ano, o Santander lucrou R$ 4,154 bilhões no Brasil,
um crescimento de 17,7% frente ao mesmo período de 2010, passando a
responder por 25% do resultado em todo mundo e superando a
participação de 13% da matriz na Espanha.

Conforme o jornal,
o crescimento do país e a retração em mercados mais desenvolvidos
devem ampliar a participação do Brasil nos resultados do banco.
Portela tentou minimizar o impacto da origem europeia do banco na
operação brasileira, ressaltando que o modelo de operação no
Brasil não é de filial da matriz, mas subsidiária independente.
“Nosso relacionamento é estrutural com o controlador, que é
através do pagamento de dividendos”, alegou.

Crise
europeia –
A meta de crescimento do Santander ocorre ao mesmo
tempo em que a edição desta quarta-feira, dia 14, do jornal Valor
Econômico
revela que “entre os fatores acompanhados pelo
Banco Central para avaliar a gravidade da crise europeia está o
aumento das remessas de lucros e dividendos de filiais de bancos e
empresas multinacionais europeias a seus países de origem.
Pressionadas pelas matrizes e pelos governos cuja situação é
considerada delicada, como os da Espanha, Portugal e Itália, filiais
brasileiras tendem a socorrer seu caixa central por meio das
remessas”.

“O volume de recursos remetidos às
matrizes acumulado nos últimos 12 meses até julho (último dado
disponível no BC) chegou a US$ 34,195 bilhões, bem próximo do
patamar recorde atingido em setembro de 2008 (US$ 34,952 bilhões),
auge da crise financeira internacional”, destaca o
jornal.

Imagem desgastada – O Santander tem uma imagem
desgastada no Brasil, que as campanhas milionárias de marketing e os
patrocínios da Copa Libertadoras e da Fórmula 1 não estão
revertendo. Não é à toa que liderou o último ranking de
reclamações do Banco Central de instituições com mais de um
milhão de clientes em julho”, ressalta Ademir.

“O
banco aplica no Brasil uma política de sangrar os clientes com
altas taxas de juros, spread elevado e tarifas exorbitantes, ao
contrário das suas práticas na Espanha. A instituição trata com
descaso até os seus aposentados, que construíram a história do
banco no país”, aponta o dirigente da Contraf-CUT.

“O
crescimento no Brasil precisa ter contrapartidas sociais, como a
melhoria da prestação de serviços, e não pode representar mais
remessa de lucros para a Espanha”, defende.

Emprego
decente –
“O primeiro passo do Santander, se realmente quer
crescer no Brasil, precisa ser a contratação de mais funcionários,
ampliando os postos de trabalho, ao contrário do corte de 1.014
empregos que fez no segundo trimestre deste ano”, aponta o
dirigente sindical. O banco fechou o mês de junho com 53.361
trabalhadores, sendo que o quadro era de 54.375 trabalhadores em
março, segundo dados apurados pela Subseção do Dieese da
Contraf-CUT com base nos balanços do banco.

De acordo com o
Brasil Econômico, o banco pretende abrir 100 a 120 agências
no país ao ano. Também projeta reforçar a atuação no Rio de
Janeiro, com investimento de R$ 300 milhões, concedendo crédito
para a cadeia de negócios relacionados ao pré-sal e também
microcrédito, com a abertura de mais unidades em comunidades (o
banco foi o primeiro a fincar pé no Complexo do Alemão). “O
estado representa cerca de 10/% do negócio de varejo do banco no
país”, destaca o jornal.

“Além de gerar empregos,
o Santander precisa acabar com a política de rotatividade para
reduzir custos e aumentar lucros, pois significa falta de compromisso
com o Brasil e os brasileiros”, salienta Ademir.

“Outra
medida necessária é a melhoria das condições de trabalho, o que é
fundamental para garantir qualidade de atendimento aos clientes”,
destaca Ademir. “Garantir emprego decente é o ponto de partida
para qualquer empresa com responsabilidade social e que pretende
alavancar os seus investimentos, crescer e ajudar a desenvolver o
Brasil”, conclui o diretor da Contraf-CUT.

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