O Chile lembrou, neste domingo, 11 de setembro, o 38° aniversário do
golpe de Estado que depôs o presidente socialista Salvador Allende e
instalou a ditadura de Augusto Pinochet, recordando as 3.225 vítimas de
uma ditadura que durou 17 anos, com passeata e confrontos com a polícia.
Convocadas pela Associação de Familiares de Presos Desaparecidos,
milhares de pessoas se concentraram no centro de Santiago, levando
bandeiras chilenas e cartazes em defesa da educação pública, seguindo
pelas ruas da capital, sem conseguir aproximar-se do palácio
presidencial de La Moneda, cercado pelas forças da ordem.
Foi neste local onde, em 11 de setembro de 1973, chegou ao fim o governo
socialista de Salvador Allende, o primeiro e único marxista a chegar ao
poder na América Latina pelas urnas, morto em meio ao bombardeio aéreo e
terrestre ao palácio, por golpistas liderados por Augusto Pinochet.
Uma investigação em curso, aberta em janeiro passado, chegou à conclusão
que Allende se suicidou nesse dia, com um fuzil presenteado pelo amigo,
o ex-presidente cubano Fidel Castro.
A exumação dos restos do ex-presidente, confirmou a versão oficial
aceita até agora e apoiada pela família, deitando por terra uma teoria
de assassinato.
A marcha foi encerrada com incidentes nas imediações do cemitério geral,
quando um grupo de encapuzados enfrentou a polícia, atirando pedras e
paus nos agentes, queimando pneus e outros objetos, além de atacar
jornalistas e fotógrafos.
A polícia usou jatos dágua e granadas de gás lacrimogêneo para
dispersar os manifestantes.
Foram também registrados distúrbios menores, depois da instalação de
barricadas, em bairros da periferia de Santiago e no porto vizinho de
Valparaíso, com a detenção de quatro pessoas; um policial ficou ferido.
Prevendo mais incidentes para a noite, o governo anunciou uma operação
especial, enquanto o comércio fechou mais cedo suas lojas, para evitar
incidentes.
Pinochet morreu aos 91 anos – no dia 10 de dezembro de 2006- sem ter
sido condenado pela Justiça, apesar de inúmeros processos abertos contra
ele por violações aos direitos humanos e enriquecimento ilícito.