Mobilização surte efeito e BC procura diálogo sobre correspondentes bancários

Os bancários começaram a colher nesta semana os
primeiros resultados positivos da mobilização por ocasião da
audiência pública ocorrida no último dia 16 de agosto, na Comissão
de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, que
discutiu o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) nº 214/2011, do
deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), que suspende as resoluções
do Banco Central que ampliaram a atuação dos correspondentes
bancários. Mais de 700 trabalhadores estiveram em Brasília,
pressionando o BC e dialogando com os deputados e a sociedade.

Na
oportunidade, o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, rebateu a
defesa do BC e da Febraban, denunciou a precarização do atendimento
bancário através dos correspondentes e propôs um modelo de
inclusão bancária para todos os cidadãos brasileiros, sem
exclusão, com assistência financeira, com trabalho feito por
bancários, com segurança e com sigilo das informações dos
clientes.

>> Clique aqui
para assistir o depoimento de Carlos Cordeiro

Nesta
segunda e terça-feira, dias 5 e 6, representantes do BC procuraram
Berzoini e o relator do projeto, deputado federal Rui Costa (PT/BA),
em busca de uma solução negociada. “A iniciativa do BC revela
que a mobilização dos bancários está surtindo efeito”,
aponta Carlos Cordeiro.

Costa já adiantou, em entrevista na
segunda-feira ao jornal Valor Econômico, que não aceitará uma
rejeição pura e simples da proposta, como é a vontade do BC e da
Febraban.

Berzoini, que é funcionário do BB e presidiu o
Sindicato dos Bancários de São Paulo e a extinta Confederação
Nacional dos Bancários (CNB-CUT), registrou em seu twitter que,
durante a reunião com o BC, ocorrida em seu gabinete, reafirmou suas
críticas aos abusos de alguns bancos. “Uma coisa é levar o
atendimento aos locais mais longínquos e desassistidos. Outra é
promover a terceirização e degradação dos serviços”,
criticou o parlamentar.

Segundo Berzoini, até agora o BC não
mostrava intenção de negociar. A aproximação acontece num momento
em que a terceirização e precarização sofrem forte combate dos
trabalhadores. “O diálogo foi positivo, já que demostra
vontade de negociar”, resumiu.

Transformar
correspondentes em agências e postos –
“É preciso deixar
claro que nós não defendemos o fim dos correspondentes”,
reitera Carlos Cordeiro. “O que queremos é transformar os
correspondentes em postos de atendimento, em agências pioneiras, com
segurança, com sigilo bancário preservado, que deem assistência
financeira a toda a população, sem discriminação de condição
econômica e social, de raça ou de cor. Os bancos são o segmento
que mais lucra na economia. Essa deveria ser a sua contrapartida
social para ajudar o Brasil a se desenvolver”,
destaca.

Berzoini concorda com o presidente da Contraf-CUT.
“Ninguém quer acabar com os correspondentes bancários, mas é
importante que eles sejam criados onde realmente são necessários, e
não a 50 metros das agências bancárias, como ocorre em diversos
locais. Queremos impor limites geográficos e transformar esses
trabalhadores do comércio em bancários”, propõe.

Carlos
Cordeiro refuta ainda a argumentação do BC e da Febraban de que os
correspondentes desempenham importante função social ao
supostamente levarem atendimento bancário a regiões distantes e
carentes. “Quando foram criados, na década de 1970, a intenção
era realmente essa. Mas paulatinamente o BC foi alterando a sua
função, atendendo os interesses dos bancos, e hoje os
correspondentes podem fazer praticamente tudo o que as agências
fazem. Mas é mentira que eles estão levando atendimento às
populações distantes e desassistidas”, aponta.

“Os
correspondentes estão concentrados hoje nas regiões onde está a
população bancarizada, principalmente no Sudeste, funcionando ao
lado ou próximo das agências, que é para onde os bancos estão
empurrando a clientela de baixa renda em sua estratégia de
elitização das agências”, alerta o presidente da Contraf-CUT.

“Na verdade, os correspondentes estão sendo usados na
verdade para segregar e excluir os mais pobres, para precarizar as
relações de trabalho, reduzir custos e aumentar os lucros dos
bancos, uma vez que o trabalhador do correspondente recebe em média
um quarto do salário do bancário”, compara.

A luta
continua –
O presidente da Contraf-CUT aproveita para chamar os
bancários de todo o país a intensificarem a mobilização,
procurando os deputados federais nos estados para pedir apoio ao
projeto de Berzoini sobre os correspondentes. “Temos que ampliar
o movimento, que começou forte e já colhe os primeiros resultados,
mas ainda temos muito para caminhar”, projeta Carlos Cordeiro.

O PDC 214/2011 tramita em caráter ordinário. Depois de
analisado e votado pela CFT será encaminhado para análise da
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Após
passar pelas duas comissões, o projeto vai à votação no plenário
da Câmara.

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