O descaso dos bancos
com a segurança das agências causou um retrocesso nas negociações
da Campanha Nacional dos Bancários, nesta terça-feira, dia 6. Mais
uma vez, os representantes das instituições financeiras disseram
“não” para todas as reivindicações apresentadas pelos
sindicatos, que têm o objetivo de reduzir os riscos nos locais de
trabalho.
Para a secretária de Finanças do Sindicato,
Suzineide Rodrigues, que representa os bancários de Pernambuco nas
negociações desta semana, em São Paulo, os bancos estão brincando
com a vida dos bancários e clientes. “Só este ano, 31 pessoas
morreram vítimas de assaltos a bancos no Brasil. Nossas
reivindicações visam garantir mais segurança nas agências e
impediria que mais pessoas perdessem a vida. Mas os bancos só querem
saber do lucro e se negaram a investir em segurança. É que sai mais
barato para as instituições financeiras pagarem indenizações
paras as vítimas do que melhorar a segurança das agências. É uma
vergonha, mas essa é que é a verdade”, comenta.
Segundo
Suzineide, na rodada de negociação desta terça-feira os
negociadores dos bancos estavam particularmente secos e agressivos.
“Eles estavam fora do comum. Chegamos até a fazer uma pausa nas
negociações para que as instituições financeiras se reunissem
para decidir se continuariam as discussões com os sindicatos. Depois
voltaram mais calmos, mas a negociação de hoje foi péssima”,
conta Suzi.
Fugindo da responsabilidade – No momento em que
dispara o número de mortes em assaltos envolvendo bancos, a Fenaban
fugiu de sua responsabilidade ao recusar as medidas efetivas para
combater a violência reivindicadas pelos bancários.
Durante
a negociação, o Sindicato defendeu a instalação de portas de
segurança com detectores de metais, câmeras em todas as áreas
internas e externas das agências com monitoramento em tempo real e
vidros blindados nas fachadas, entre outros itens.
O Sindicato
também reivindicou a melhoria na assistência às vítimas de
assaltos e sequestros, com a garantia de atendimento médico e
psicológico, o pagamento dos custos de remédios e despesas de
tratamento dos empregados, e a emissão de CAT a todos os
trabalhadores que estiveram no local de assalto consumado ou não com
comunicação imediata à CIPA e ao sindicato local. Também foi
cobrada a proibição da guarda das chaves de cofres e do transporte
de valores por bancários.
O Comando Nacional dos Bancários
também propôs uma série de medidas para combater o crime de
saidinha de banco, que já causou a morte de 20 pessoas em 2011.
Entre as medidas, estão a instalação de divisórias
individualizadas entre os caixas eletrônicos, e biombos entre a fila
de espera e a bateria de caixas, além da isenção das tarifas de
transferências de recursos (TED e DOC).
De todas as
reivindicações apresentadas, segundo Suzineide, os bancos
defenderam apenas a manutenção da cláusula atual, conquistada
pelos trabalhadores na Campanha Nacional do ano passado, que garante
assistência médica ou psicológica, emissão obrigatória de
boletim de ocorrência, possibilidade de realocação das vítimas de
sequestro e acesso às estatísticas semestrais de ataques a bancos
da Febraban. As instituições financeiras se negaram a discutir as
reivindicações de estabilidade no emprego de 36 meses e indenização
aos empregados vítimas de assalto ou sequestro.
As
negociações com os bancos continuam na próxima segunda-feira, dia
12, quando serão debatidas as reivindicações sobre remuneração.