O Sindicato participou
nesta quinta-feira, dia 1º, de uma audiência pública na Câmara de
Vereadores do Recife para discutir o transporte de numerários.
Durante a reunião, que debateu o projeto de lei 36/2011, de autoria
do vereador Maré Malta (PPS), representantes dos bancários e
vigilantes rejeitaram o uso do malote inteligente para transporte de
valores.
O projeto, que já foi aprovado em primeira
discussão, obriga “as instituições bancárias, os
correspondentes bancários e as empresas transportadoras de valores a
utilizar equipamentos de segurança no transporte e na guarda de
moeda corrente, que inutilizem as cédulas em caso de abertura não
autorizada do malote”.
Durante a audiência, a presidenta do
Sindicato, Jaqueline Mello, disse que os bancários de Pernambuco
apoiam as iniciativas que garantem mais segurança nos bancos, mas
fez restrições ao projeto. “Segurança é um assunto
importantíssimo e é papel do legislativo assumir a causa. Mas nossa
principal preocupação é com a vida dos clientes e funcionários
dos bancos e não com a proteção do dinheiro. Nós nos colocamos à
disposição para aprofundarmos os debates e elaborar projetos que
venham ao encontro dos interesses da sociedade, dos bancários e dos
vigilantes”, afirmou Jaqueline.
Já os vigilantes argumentam
que essa tecnologia proposta pelo projeto de lei causa desemprego e
precariza as condições de trabalho na categoria, além de
fragilizar a segurança, já que as empresas passam a trocar os
carros-fortes por transportes com blindagem parcial.
O
coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária da
Contraf-CUT (Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro),
Ademir Wiederkehr, também participou da audiência pública. O
dirigente destacou a competência dos municípios em fazer leis sobre
assuntos de interesse local, como garante o artigo 30 da Constituição
Federal, e propôs a definição de um espaço para a parada dos
carros-fortes.
“O maior problema hoje está na hora do
abastecimento desses terminais”, denunciou. Ademir também
aproveitou o debate para defender a transformação dos
correspondentes bancários em pequenas agências e postos de serviços
bancários, “a fim de garantir qualidade de atendimento,
assistência financeira, segurança e preservação do sigilo das
informações dos clientes”.
Diante das manifestações
contrárias, o vereador Maré Malta disse que ao elaborar o projeto o
seu propósito era dar segurança à categoria dos vigilantes, que
trabalham em condições adversas, arriscando a vida. “O meu
intuito, de propor o malote inteligente, era levar mais segurança
através do uso da tecnologia”, explicou. Mas, como houve muitas
divergências, ele resolveu que o projeto, que já está na fase de
votação no plenário, será recolhido para receber substitutivos
nas comissões temáticas. “Sem ouvir os trabalhadores, jamais esse
projeto irá prosseguir”, disse, sob o aplauso dos participantes.
Com esse posicionamento do vereador, a polêmica deu lugar ao
diálogo.
Itaú na contramão – Ao final da audiência, o
secretário de Saúde do Sindicato, João Rufino, denunciou a
irresponsabilidade do Itaú, que está retirando portas de segurança
com detectores de metais das agências em Recife, mesmo com a
existência de lei municipal, fragilizando a segurança e aumentando
os riscos para bancários, vigilantes e clientes. “O banco deveria
contratar mais um vigilantes para fazer o monitoramento das imagens e
preservar as portas de segurança”, reivindicou.