“Estou afastada há alguns dias
devido ao assalto no qual fiquei refém durante uma hora e meia. Está
sendo horrível. Tomo três medicamentos e ainda sou obrigada a saber
de descasos da minha empresa. A partir do momento que sofremos o
assalto não valemos mais nada para a instituição. Alguns diretores
e gerentes estão duvidando do abalo que sofri, colocando-se em uma
posição de superioridade e expondo-me ao ridículo, como se eu
fizesse parte da quadrilha que invadiu minha agência.”
Esse
é o desabafo de mais uma bancária que foi refém em assalto à
agência onde trabalha. Foi enviado ao Sindicato dos Bancários de
São Paulo logo após outro assalto com reféns, desta vez em uma
agência do Santander na zona oeste. O crime, na última quinta 25,
escancara o drama dos funcionários que têm seu local de trabalho
invadido por marginais.
Na semana passada, além do
Santander, uma agência do Itaú Unibanco na zona sul também foi
assaltada. Nos dois casos, como no relato da bancária, os
funcionários foram feitos reféns pelos assaltantes. Essas situações
de extrema violência podem trazer sérias consequências à saúde
dos trabalhadores, ainda que não de imediato. É o estresse
pós-traumático.
De acordo com o Manual de Procedimentos para
os Serviços de Saúde sobre Doenças Relacionadas ao Trabalho, do
Ministério da Saúde, o estresse pós-traumático pode surgir dias
ou até seis meses após o trauma.
Seus sintomas incluem,
segundo o Ministério da Saúde, episódios de repetidas
revivescências (reviver) do ocorrido, que podem ser acompanhados por
medo, pânico ou agressividade; sensação persistente de
entorpecimento ou embotamento emocional; diminuição do envolvimento
ou da reação ao mundo; rejeição a atividades e situações que
lembram o episódio traumático.
O trabalhador também pode
permanecer em estado de excitação, hipervigilância, reações
exacerbadas a estímulos, insônia, ansiedade e depressão, bem como
ideação suicida.
Proteja-se – Segundo o secretário
de Saúde do Sindicato, Walcir Previtale, o bancário tem de exigir
dos bancos a emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)
e cópia do Boletim de Ocorrência (BO).
“Entendemos que
o assalto em agência é um acidente de trabalho e tem de ser tratado
como tal. E a emissão da CAT e do BO são fundamentais para
comprovar que a doença que contraiu, como o estresse pós-traumático,
é decorrente de uma situação ocorrida, muitas vezes, há vários
meses”, afirma o dirigente, acrescentando que a recomendação
vale para todos os assaltos em agências.
“É
fundamental entrar em contato com o Sindicato. É imprescindível
também que os colegas se solidarizem com quem passou por situações
como essas”, orienta.