Para CUT, juros mais altos do mundo engordam banqueiros e especuladores

“Os juros mais altos do mundo estão
sangrando o Orçamento público para engordar banqueiros, rentistas e
especuladores, alimentando uma espiral que não gera renda, não gera
nada. Como há 15 anos estamos sangrando anualmente em torno de 7,5%
do PIB para o pagamento de juros, faltam recursos para a EC 29
melhorar a saúde e também para aplicar os 10% do PIB na educação.
Por isso estamos aqui para exigir a imediata redução dos juros,
para impulsionar a produção nacional e o desenvolvimento”.

A
afirmação é do presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, que
comandou na tarde desta terça-feira, dia 30, uma manifestação em
frente à sede do Banco Central, na avenida Paulista, em São Paulo.
O objetivo foi exigir a queda da taxa básica de juros (Selic) e
protestar contra o aumento do superávit primário, decidido pelo
governo federal.

O Sindicato dos Bancários de Pernambuco
marcou presença no ato, por meio da presidenta Jaqueline Mello, que
está em São Paulo para participar das negociações com os bancos
da Campanha Nacional 2011.

O Conselho de Política Monetária
(Copom), reunido a partir desta terça, anuncia nesta quarta se reduz
a taxa Selic ou a mantém como está.

Artur lembrou que, ao
contrário do que vem sendo feito pela equipe econômica, “com a
ideia de austeridade fiscal e redução de gastos”, em 2008,
durante o governo Lula, o país enfrentou a crise investindo no
fortalecimento do mercado interno, com valorização dos salários,
mais investimentos públicos e em políticas sociais.

“No
momento em que a Europa está caindo aos pedaços e com os EUA
mergulhados na crise, a saída é o mercado interno, tendo o Estado
como indutor do desenvolvimento, colocando os bancos públicos, como
o Banco do Brasil, a Caixa e o BNDES para incentivar a produção,
exigindo contrapartidas de emprego decente, condições de trabalho,
saúde e segurança”, acrescentou Artur.

O presidente
cutista saudou a mobilização da categoria bancária, presente em
grande número ao ato, sublinhando que para que o governo cumpra com
a promessa de erguer dois milhões de moradias da segunda fase do
programa Minha Casa Minha Vida, precisará valorizar os funcionários
da Caixa, assim como se quiser fazer com que os R$ 3 bilhões
destinados ao microcrédito pelo Banco do Brasil venham para
potencializar o mercado interno, é necessário valorizar os
funcionários do Banco do Brasil.

“São eles que vão
operar os programas, atender na ponta do balcão. Para isso, precisam
de salário, contratação de pessoal e condições de trabalho”,
explicou.

Na avaliação do secretário-geral da CUT, Quintino
Severo, está mais do que comprovado que a alta dos juros só
interessa à especulação financeira, enquanto prejudica o conjunto
da sociedade, reduzindo a produção e o consumo, com impactos
extremamente daninhos sobre o emprego e a renda. “Estamos nas
ruas mobilizando a opinião pública pela queda imediata dos juros,
pois o país precisa de desenvolvimento com distribuição de renda,
com valorização do trabalho”, destacou.

Estancar a
sangria –
De acordo com o relatório de política fiscal do BC,
divulgado no dia 29 de julho, o governo federal gastou R$ 100,63
bilhões com juros no primeiro semestre, um aumento de 46% em relação
ao mesmo período do ano passado. Além dos juros, as amortizações
da dívida federal atingiram R$ 194,44 bilhões, um aumento de 7% em
relação ao primeiro semestre de 2010.

Somando juros e
amortizações, o governo federal passou aos bancos, em seis meses,
R$ 294.511.584.199,32 (294 bilhões, 511 milhões, 584 mil, 199 reais
e 32 centavos. Conforme levantamento do jornalista Carlos Lopes, tal
quantia é nove vezes o que, no mesmo período, foi despendido com a
Saúde (R$ 32.416.877.858,44), excluído o pagamento de restos do
orçamento de anos anteriores. Quatorze vezes o dispêndio com a
Educação (R$ 20.927.531.530,63). Vinte e cinco vezes a despesa, no
mesmo período, de toda a Defesa Nacional (R$ 11.761.510.597,65).
Duas mil novecentas e quarenta e três vezes o que se gastou em
Saneamento (R$ 100.044.516,44). Vinte e quatro mil novecentas e oito
vezes o gasto orçamentário com Habitação (R$
11.823.598,72).

Para o secretário de Administração e
Finanças da CUT, Vagner Freitas, “a política de juros altos e
de ajuste fiscal precisa ser derrotada, pois é mais do mesmo que já
deu errado no passado. Esta foi a política derrotada nas urnas que
os trabalhadores não aceitam que volte”. Vagner denunciou que o
Banco Central tem agido em “conluio com os banqueiros, atuando
como extensão da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos)”.
Deste jeito, condenou, “os banqueiros estão transformando o
Brasil em quintal da sua festa”.

Ex-presidente da
Contraf/CUT, Vagner conclamou a militância a combater sem trégua a
implementação desta “política econômica regressiva, que
deixa a indústria nacional em crise sem condições de competir com
as empresas estrangeiras”.

Agradecendo a presença das
lideranças dos sindicatos, como dos Químicos, Bancários,
Vidreiros, Plásticos e do Sinergia, o presidente da CUT São Paulo,
Adi dos Santos Lima, frisou que “os trabalhadores estão
manifestando a sua insatisfação com o tamanho da taxa de juros
praticada no Brasil, que deixa os especuladores muito contentes”.

A
presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia
Moreira, lembrou que todo o setor produtivo acaba sendo relegado a um
segundo plano diante da magnitude dos recursos desviados para os
bancos. “Infelizmente o Banco Central tem atuado em sintonia com
os interesses dos banqueiros e dos especuladores. O país está
gastando mais com o pagamento dos juros da dívida interna do que com
os programas sociais. Isso é uma verdadeira Bolsa Banqueiro, sem
qualquer justificativa”, condenou Juvandia.

Em campanha
salarial, os bancários de todo o país estão exigindo além de
aumento real, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e
melhores condições de trabalho, saúde e segurança.

“Queremos
também discutir o papel do sistema financeiro, o papel do Banco
Central que queremos para a nossa sociedade. Por isso defendemos a
ampliação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e a democratização
do sistema financeiro para acabar com a transfusão de sangue da
sociedade para o bolso dos banqueiros. Queremos canalizar mais
recursos para a produção, para gerar emprego e renda”,
acrescentou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf/CUT.

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