Negociações com os bancos começam mal

As negociações da Campanha Nacional dos
Bancários de 2011 começaram mal. Em reunião nesta terça-feira,
dia 30, em São Paulo, os bancos se recusaram a atender todas as
reivindicações apresentadas pelos trabalhadores: garantia de
emprego e ratificação da Convenção 158 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), o fim das terceirizações, a
extensão do abono-assiduidade a todos os bancários e a inclusão
bancária sem precarização. As negociações sobre emprego e
reivindicações sociais continuam nesta quarta-feira, dia 31.


Para
a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, que está em São Paulo
para representar os bancários de Pernambuco nas negociações, a
postura dos bancos na primeira reunião mostra que a Campanha
Nacional deste ano, mais uma vez, não será fácil. “Os
representantes dos bancos negaram todas as demandas apresentadas
sobre emprego e as cláusulas sociais. Diante disso, só nos resta
esquentar a mobilização para que as instituições financeiras se
sintam pressionados na mesa de negociação e atendam as nossas
reivindicações”, explica Jaqueline.

Durante a reunião, o
Comando Nacional dos Bancários apresentou à Fenaban o resultado da
Pesquisa de Emprego Bancário relativo ao primeiro semestre de 2011.
O levantamento, realizado desde 2009 pela Contraf-CUT e pelo Dieese,
mostra que, embora os bancos tenham criado 11.958 postos de trabalho
nos primeiros seis meses do ano, aumentou o número de desligamentos
(18.559), confirmando a estratégia das empresas de promover a
rotatividade para reduzir custos.

O Comando Nacional defendeu
a necessidade de os bancos aceitarem a Convenção 158 da OIT, que
dificulta demissões imotivadas, para acabar com a alta rotatividade,
inadmissível no setor mais rentável da economia brasileira, em que
somente as seis maiores empresas apresentaram lucro líquido de R$
25,9 bilhões no primeiro semestre.

Os negociadores do banco,
no entanto, desdenharam da reivindicação de garantia de emprego,
afirmando que ela não é importante para a categoria. “Respondemos
que nossas consultas e pesquisas indicam o contrário, que os
bancários estão muito preocupados com o emprego, e deixamos claro
que não será possível fechar acordo este ano sem resolver essa
questão”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

O
tema continua a ser discutido nesta quarta-feira, assim como a
terceirização no sistema financeiro, que vinha sendo debatida em
mesa temática desde o ano passado, mas se encontra atualmente num
impasse. Os bancários reivindicam o fim da terceirização dos
setores de compensação, tesouraria, caixa rápido, home banking,
autoatendimento, teleatendimento, cobrança, cartão de crédito e
retaguarda.

Em relação ao abono-assiduidade, os
representantes dos bancários na mesa de negociação defenderam o
direito a cinco dias de ausências abonadas por ano, que representam
a diferença entre os dias efetivamente trabalhados anualmente (365)
e os pagos pelas empresas (360). Os negociadores da Fenaban levarão
a reivindicação aos bancos.

Inclusão bancária – A
proposta da categoria, aprovada na Conferência Nacional, é promover
a inclusão bancária de toda a população brasileira, de forma que
todos os serviços financeiros para a sociedade sejam prestados em
agências e postos de atendimento, oferecidos por bancários,
garantindo a qualidade, a proteção do sigilo bancário e a
segurança, protegendo a vida de trabalhadores e clientes.

O
Comando Nacional pediu aos bancos que se abstenham de aplicar as
recentes resoluções do Conselho Monetário Nacional e do Banco
Central, que ampliaram a função dos correspondentes bancários no
país. A Fenaban disse que “correspondente não é banco”,
que não faz crédito e só operacionaliza o crédito oferecido pelo
banco. Mas os dirigentes sindicais refutaram os argumentos, usando
publicação recente de matéria no jornal O Globo, em que a
Associação Brasileira de Bancos informa que os correspondentes
executam a maior parte das operações de crédito.

“Defendemos
a inclusão bancária. Dissemos à Fenaban que todos os brasileiros
deveriam ter direito de ter conta em banco, com assessoria
financeira, sigilo bancário e segurança. E que os correspondentes
não fazem essa inclusão. Pelo contrário, eles excluem, porque
estão sendo usados pelos bancos para atender a população de baixa
renda, reservando as agências aos clientes mais abastados. Isso não
é bancarização, é precarização. Queremos transformar os
correspondentes em pequenas agências e postos de atendimento”,
propõe Carlos Cordeiro.

Venda responsável de produtos –
Os negociadores da Fenaban disseram que os bancos não vão
assinar a Declaração sobre a Venda Responsável de Produtos
Financeiros, aprovada pelo Comitê Diretivo da UNI Finanças, em
junho de 2010, durante reunião realizada em Copenhague, na
Dinamarca.

A carta prevê, entre outras coisas, o fim das
metas abusivas e a garantia de uma “cultura interna de negócios
e procedimentos operacionais que conduzam à venda responsável de
produtos” – o que significa, por exemplo, evitar vender serviços
e produtos que os clientes não necessitam.

As negociações
sobre emprego continuam nesta quarta-feira, envolvendo temas como
jornada de trabalho, mais contratações, ampliação do horário de
atendimento, dentre outras.

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