Polícia Federal quer medidas concretas para reduzir “saidinha de banco”

Em reunião ocorrida na manhã desta quinta-feira, dia 25, em Brasília, o
novo coordenador-geral de Controle de Segurança Privada da Polícia
Federal, delegado Clyton Eustáquio Xavier, abriu uma agenda de diálogo
com representantes dos bancários, vigilantes, bancos e empresas de
vigilância e transporte de valores. Ele defendeu o conceito de proteção à
vida das pessoas e propôs construir um entendimento em torno de medidas
concretas para reduzir o crime da “saidinha de banco”, que está
apavorando trabalhadores e clientes.

Após duas horas de debates, não houve consensos, mas os bancos e as
empresas de segurança ficaram de avaliar propostas de instalação de
equipamentos de prevenção nas agências e postos de atendimento, como
câmeras internas e externas com qualidade de imagens e monitoramento em
tempo real, biombos entre a fila de espera e os caixas, divisórias entre
os caixas eletrônicos e isenção de tarifas de transferência de recursos
(TED, DOC, etc). Eles também ficaram de estudar o uso de arma não letal
pelos vigilantes nos estabelecimentos.

Equipamentos de prevenção – “Esses equipamentos são muitos importantes para prevenir ações
criminosas e garantir a privacidade e o sigilo das operações,
especialmente os saques em dinheiro, evitando a observação de olheiros e
impedindo que clientes sejam alvos e vítimas de assaltantes”, afirma o
secretário de imprensa e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança
Bancária, Ademir Wiederkehr. “Esse crime inicia dentro das agências e
postos de atendimento e, por isso, os bancos precisam fazer a sua parte,
em vez de responsabilizar os clientes e a segurança pública”, destaca.

“Esperamos que os bancos realizem estudos técnicos e concordem com essas
medidas, que criam obstáculos para eliminar riscos, trazer segurança e
proteger a vida de bancários, vigilantes e clientes”, aponta o diretor
do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte, Leonardo Fonseca.

“Com lucros acima de R$ 23 bilhões que tiveram no primeiro semestre, não
faltam recursos aos bancos para arcar com os custos desses
equipamentos, que precisam ser encarados como investimentos necessários
para a segurança de trabalhadores e clientes”, ressalta.

Na reunião, a Fenaban concordou com os bancários e com a avaliação de um
especialista em segurança de que “é uma ingenuidade” a proibição do uso
do celular nos bancos. “Esse medida, apoiada pelos bancos e aprovada em
alguns municípios sem o apoio dos bancários e vigilantes, não impede a
visualização dos saques por olheiros e, por isso, é inócua e ainda viola
o direito individual dos cidadãos que possuem celulares, hoje um bem
essencial para a vida moderna”, aponta Ademir.

19 mortes – A Contraf-CUT e a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV)
apresentaram os dados atualizados da pesquisa nacional de mortes em
assaltos envolvendo bancos, realizada pelas entidades, com base em
notícias da imprensa. Conforme o levantamento, ocorreram 28 assassinatos
até o dia 24 de agosto deste ano em todo país, sendo 19 em “saidinha de
banco”.

“Com esses números assustadores, nós não podemos dormir tranquilos. É
urgente que medidas concretas e eficazes sejam adotadas pelos bancos e
as polícias, a fim de prevenir novas ações criminosas e trazer
segurança”, destaca o secretário-geral da CNTV, João Soares.

Propostas dos bancários e vigilantes – A Contraf-CUT e a CNTV entregaram para a Polícia Federal um documento
com propostas de combate à “saidinha de banco”. Há medidas de melhoria
na estrutura de segurança dos estabelecimentos, instalação de
equipamentos para a privacidade das operações e novos procedimentos para
eliminar riscos e trazer segurança.

>> Clique aqui para ler o documento da Contraf-CUT e CNTV


Uma das propostas dos bancários e vigilantes é a instalação obrigatória
da porta giratória de segurança em todas as agências e postos de
serviços, em todos os acessos destinados ao público, incluindo a sala de
autoatendimento. “A porta virou um símbolo de segurança para
trabalhadores e clientes nos bancos, assim como o aparelho de raio-X
para os passageiros nos aeroportos”, comparou Ademir.

Outra proposta que os trabalhadores defenderam é o fim da triagem de
clientes que ocorre no acesso à parte interna de muitas agências e
postos para fins de depósito em dinheiro e saques. “Essa medida traz
riscos para a segurança dos clientes, que podem ser observados pelos
olheiros de plantão, e ainda é discriminatória e excludente, na medida
em que empurra pessoas de menor renda para os correspondentes
bancários”, aponta Leonardo.

Avaliação – “Mesmo sem a definição de medidas concretas, a iniciativa foi positiva,
pois mostramos as preocupações e as expectativas dos bancários e
vigilantes, diante da insegurança e da “saidinha de banco”, avalia
Ademir. “Abrimos mais um espaço para a construção de soluções e vamos
continuar batendo em todas as portas da sociedade para combater os
problemas de insegurança”, salienta.

“A reunião foi resultado do encontro ocorrido entre representantes da
CNTV e da Contraf-CUT com o novo coordenador da CCASP, quando foi
apontado o papel importante da Polícia Federal de dialogar com todas as
partes envolvidas na segurança privada e de mediar entendimentos para
proteger a vida de trabalhadores e clientes”, salienta o diretor do
Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Valores de Brasília, Artur
Vasconcelos.

Participação – Além da Contraf-CUT e CNTV, participaram da reunião os representantes da
Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Federação Nacional das
Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), bem como
outras entidades.

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