Os bancários do Itaú estão insatisfeitos com os
critérios utilizados pela empresa para o pagamento da Participação
dos Resultados (PR), avaliado por meio do programa AGIR, um dos
programas próprios de remuneração do banco. Enquanto alguns
trabalhadores receberam o valor efetuado em 19 de agosto, a maioria
não recebeu absolutamente nada.
Os trabalhadores também não
conseguem atingir a pontuação imposta pela empresa porque os
critérios não são transparentes. Os bancários reclamam ainda da
demora para divulgar as informações, o que torna impossível
atingir a meta estabelecida.
“O
programa de Participação nos Resultados do Itaú é um engodo. O
trabalhador se mata para tentar atingir metas que beiram o absurdo e
que podem ser mudadas a qualquer momento e sem nenhum critério, de
acordo com a conveniência da direção da empresa. E o pior: o
esforço sobre-humano dos funcionários não é reconhecido. Afinal,
aquilo que ele recebe pelo programa é descontado da PLR
(Participação nos Lucros e Resultados), que é direito garantida em
Convenção Coletiva e independe do cumprimento de metas”, explica
o diretor do Sindicato, João Rufino.
O programa também
não valoriza o empenho de todos os trabalhadores. Os gerentes
operacionais e os de contas têm sido bastante prejudicados com o
método adotado no AGIR. Houve trabalhadores que receberam mais do
que outros no ano passado, exatamente por este problema de critério.
Por exemplo, o item relacionado às metas constantemente sofre
modificações. “A única função
do AGIR é transformar em um inferno o dia-a-dia das agências,
destruindo qualquer espírito coletivo e estimulando a competição
desenfreada”, comenta Rufino.
O lucro líquido do
Itaú Unibanco atingiu R$ 7,133 bilhões no primeiro semestre, com
alta de 11,5% no confronto com igual período no ano passado. O lucro
absurdamente alto só foi conseguido com o esforço de todos os
funcionários, inclusive sob forte pressão de cumprimento de metas.
Para o Sindicato, os critérios do programa têm de ser mais
claros e divulgados no início do ano. Além disso, as regras não
podem ser mudadas no meio do jogo como vem ocorrendo.
Fale
Francamente – O Itaú realiza junto aos trabalhadores uma
pesquisa de clima organizacional, intitulada “Fale Francamente”.
Segundo a empresa, o objetivo é avaliar de forma periódica o nível
de satisfação dos funcionários com relação a vários aspectos
como carreira, remuneração, ambiente de trabalho, comunicação
interna e liderança, e competitividade e imagem do banco.
Porém,
os bancários denunciaram que foram assediados para avaliar
positivamente, tanto a empresa como os gerentes. O preenchimento do
questionário foi realizado anterior ao pagamento da PR. Para o
Sindicato, essa imposição por parte de alguns gestores fere a
liberdade e a vontade dos bancários. O resultado da pesquisa deve
ser um instrumento para que o banco aplique em políticas e ações
que proporcione melhorias para a instituição e seus trabalhadores.