Movimentos realizam ato e pedem transparência no processo da Copa 2014

Vários
segmentos dos movimentos sociais e populares, estudantes, indígenas,
trabalhadores/as, sindicatos, associações, ocuparão as ruas da
cidade de Fortaleza, no Ceará, região Nordeste do Brasil, em um ato
contra as remoções geradas pela construção das obras da Copa de
2014 no estado. A atividade está marcada para esta quinta-feira
(18), a partir das 8h em frente à Praça Luíza Távora, na Avenida
Santos Dumont, 1589. A estimativa é que cerca de 500 pessoas
participarão da atividade.

A
motivação do ato se deu no exato momento em que vários direitos
das populações atingidas pelas obras da Copa foram violados.
Despejos e falta de transparência nas ações do Poder Público,
ausência de informação e de proposição de alternativas para as
obras, bem como favorecimento de empresas privadas com dinheiro
público são alguns dos problemas que estão sendo vivenciados e
denunciados por moradores e por diversas organizações da sociedade
civil.

Conforme Rafael Barreto, integrante do Comitê Popular
da Copa e da organização não governamental Cearah Periferia, “o
ato tem a pretensão de fazer resistência às remoções e conseguir
uma reunião com o governador [Cid Gomes] para apresentação da
pauta de reivindicação da população”.

Foram realizadas
várias plenárias de mobilização para a realização do ato. Os
moradores ficaram fortalecidos após
visita do governador
, afirma Rafael.

Para ele, as obras
na cidade têm sido uma violação dos direitos da população que
não tem nenhuma garantia da melhoria na qualidade de vida. Enquanto
isso, R$ 9 bilhões do dinheiro público serão gastos com
infra-estrutura para o megaevento. Destaque para a ampliação do
aeroporto, o alargamento de avenidas e a construção do Veículo
Leve sobre Trilhos (VLT), um metrô que vai ligar o Porto do Mucuripe
ao Estádio Governador Plácido Castelo, conhecido como Castelão.

Em nota, o Comitê Popular da Copa no Ceará, afirma que os
projetos ameaçam milhares de famílias moradoras de locais com
interesse de especulação imobiliária, e que algumas das obras nada
têm a ver com a Copa, como a construção do “Acquario”, a
estrada para o resort “Aquiraz Golf Beach”, o Centro de
Eventos, etc.

A nota relata ainda que essas construções
serão financiadas pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES),
banco público, que usará o dinheiro do povo para garantir as obras.
Mais de R$ 351,5 milhões serão somente para a reforma do Estádio
Castelão e mais alguns milhões para hotéis luxuosos, que ameaçarão
a vida de indígenas e de pescadores.

O Comitê Popular da
Copa também denuncia que, por conta do aceleramento das obras, 17
trabalhadores da construção civil morreram somente em 2011, número
superior se comparado ao de 2010, quando aconteceram nove mortes.

Finalizando a nota, os movimentos reivindicam a garantia de
não remoção das famílias; a elaboração de outro projeto de
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) sem previsões de remoção e não
aprovação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA)/Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA), para que as famílias permaneçam em seus
locais de moradia; construção de casas para quem já luta por
moradia; fim da intimidação do Governador Cid Gomes, dentre outras.

Em Porto Alegre, relatora da ONU
averigua violações –
Enquanto se realiza o
ato em Fortaleza, em Porto Alegre (Rio Grande do Sul), o Comitê
Popular da Copa recebe a relatora especial da Organização das
Nações Unidas para o Direito à Moradia Adequada, Raquel Rolnik.
Ela estará na cidade para averiguar casos de desrespeito aos
direitos humanos e de moradia das populações que também serão
afetadas pelas obras do evento esportivo.

A situação em
Porto Alegre não difere muito da capital cearense, remoções,
violação de direitos humanos e denúncias de exploração fazem
parte da lista das demandas apresentadas pelo Comitê Popular da Copa
na cidade.

A relatora também irá visitar autoridades dos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para conversar sobre os
impactos do evento na cidade e participará de um seminário sobre o
tema na Câmara de Vereadores.

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