Os grandes bancos apresentaram positivo desempenho
no primeiro semestre, com elevação do lucro líquido. O do Banco do
Brasil cresceu 23,4%, o do Bradesco foi 21,7% superior, o do
Santander elevou-se 17,7%, o do Itaú Unibanco, 11,5%, e da Caixa
Econômica Federal, 36,4%.
Além do crédito, a receita de
prestação de serviços e tarifas bancárias também tem importante
representação na expansão dos ganhos. No entanto, especialistas
entrevistados pelo DCI ressaltam a importância da transparência e
das regulamentações do Banco Central para proteção do cliente.
Para Adriano Gomes, professor de Finanças da ESPM, o
segmento apresenta maior importância no cenário atual, já que há
menor concessão de crédito por conta das medidas macroprudenciais e
da alta da inadimplência. “Como o crédito ficou mais restrito,
os bancos não estão confortáveis em conceder ou renovar. Nesse
cenário, começaram a buscar alternativas de receita.”
Ao
se somar a receita dos cinco maiores bancos privados, o valor obtido
no primeiro semestre chega a R$ 35 bilhões, 15% superior ao de igual
período de 2010.
Para Gomes, o que também justifica a
elevação dos ganhos é o aumento da frequência das operações.
“Quer seja por volume, ou por preço, o item tarifa representa
um bom montante da receita.”
O Itaú Unibanco somou nos
seis primeiros meses de 2011, R$ 6,136 bilhões em receita de
prestação de serviços e renda de tarifas bancárias, 11,1% acima
dos R$ 8,2 bilhões registrados em igual período de 2010. O maior
percentual, de 20,2%, ficou com operações de crédito e garantias
prestadas: R$ 1,606 bilhões.
O Banco do Brasil atingiu R$
8,495 bilhões, acréscimo de 9,9% ante o primeiro semestre de 2010,
que ficou em R$ 7,729 bilhões. O Santander chegou a R$ 3,977
bilhões, crescimento de 21,07% sobre o valor de R$ 3,285 bilhões
totalizado nos seis primeiros meses do último ano. Por segmento, a
maior expansão, de 34,25%, está em renda com cartão de crédito,
de R$ 595 milhões em junho de 2010 para R$ 799 milhões.
A
elevação do Bradesco em relação ao primeiro ao sexto meses do ano
passado foi de 14%, para R$ 7,261 bilhões. A maior receita está com
cartões de crédito, de R$ 2,391 bilhões, o dobro do valor do
primeiro semestre de 2010, quando ficou em R$ 1,155 bilhões.
A
Caixa Econômica Federal apresentou a maior expansão na receita de
prestação de serviços e tarifas bancárias, e considerou o
segmento um dos fatores responsáveis pelo desempenho positivo no
primeiro semestre de 2011.
As receitas somaram R$ 6,1
bilhões, valor 23,8% superior ao dos meses de janeiro a junho de
2010. “Foi alavancado pelo aumento da base de clientes e do
número de transações bancárias, o que é importante destacar para
o crescimento da Caixa”, pontuou Raphael Rezende Neto,
vice-presidente de controle e risco da Caixa.
Na comparação
semestral, o destaque são as tarifas associadas a cartão (crédito
e débito), acréscimo de 58,3%, de R$ 268 milhões para R$ 424
milhões.
Do lado do consumidor, foram publicadas
regulamentações do Conselho Monetário Nacional (CMN) e Banco
Central, a 3.518, de 2008, e a 3.919, de 2010. Com isso, os bancos
respeitam regras de tarifas de serviços, como reajuste de seis em
seis meses e a não-cobrança de serviços essenciais.
De
acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a
regulamentação aumentou o leque de opções para movimentação de
conta bancária, organizou a cobrança dos serviços, “mas falta
transparência, informação clara e documentada para que o
consumidor saia da agência ciente da sua escolha e em condições de
utilizar os serviços sem ser cobrado indevidamente”.
Para
a gerente jurídica do Idec, Maria Elisa Novais, os órgãos
reguladores necessitam dar mais transparência. “Só é possível
identificar cobranças indevidas se o consumidor fizer um
acompanhamento específico do seu extrato, tendo prévio conhecimento
do que efetivamente pode ser cobrado dele. Assim, o consumidor deve
ter a tabela de tarifas atualizada e um termo sobre pacote,
composição e preço.”