Dilma recebe CUT e centrais e diz que aceita debater política industrial


A presidenta Dilma Rousseff recebeu
nesta quinta-feira (4) o secretário de Finanças da CUT, Vagner
Freitas, e representantes das demais centrais sindicais. O objetivo
do encontro foi debater o plano Brasil Maior e ouvir as propostas dos
dirigentes sindicais.

Também participaram da reunião os
ministros Guigo Mantega (Fazenda), Fernando Pimentel
(Desenvolvimento), Garibaldi Alves (Previdência Social) e Gilberto
Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), além do secretário da
Receita Federal Carlos Alberto Barreto, dos secretários executivos
dos ministérios da Fazenda, Nelson Barbosa, e da Ciência e
Tecnologia Luiz Antonio Rodrigues Elias.

Mantega iniciou a
reunião dizendo que o governo “recebeu o recado” do
movimento sindical e que junto com os dirigentes, o governo deve
“ajustar as medidas já tomadas, corrigir rotas”.

Ele
explicou que haverá desdobramentos para o conjunto de medidas
lançado na última terça-feira (2). Na semana que vem, por exemplo,
serão anunciadas novas medidas que vão contribuir para melhorar
programas como o Simples Nacional e o MEI (micro empreendedor
individual). O governo vai aumentar o limite de faturamento das
empresas que fazem parte do programa.

“Vamos aumentar a
desoneração e fortalecer a base dos pequenos e médios
empreendedores e, com isso, continuar aumentando a formalização do
emprego”, explicou o ministro.

O secretário de Finanças
da CUT, Vagner Freitas, sugeriu a criação de um fórum permanente
de discussão de política industrial tripartite e deixou claro que a
central tem pessoas preparadas e todo o interesse em participar das
discussões, reforçando as reivindicações de interesse da classe
trabalhadora.

“Temos informação e opinião sobre tudo o
que acontece no Brasil. Para nós é fundamental a garantia de
qualidade do emprego e a exigência de contrapartidas trabalhistas,
sociais e ambientais a todas as empresas que receberem empréstimos
de bancos públicos e queremos debater isso com o governo”.

Dilma,
que só participou da parte final da reunião por conta das outras
agendas, iniciou a conversa com os sindicalistas lembrando de duas
reuniões realizadas em 2008, quando a CUT falou para ela e para o
ex-presidente Lula que era um absurdo os bancos públicos emprestarem
recursos para empresas sem exigir contrapartidas sociais e
ambientais. Na época, disse a presidenta, quando falei com o BNDES
eles disseram que não sabiam como fazer e que, naquele momento, a
prioridade era contornar a crise financeira internacional.

Mas,
como a vida evolui, desta vez, coloquei a mesma questão na mesa – os
bancos não podem deixar de exigir contrapartidas – e eles
concordaram. Já estavam mais preparados”, disse Dilma.

O
ministro Gilberto Carvalho contou, então, que a presidenta Dilma
ligou pessoalmente para o Luciano Coutinho (presidente do BNDES) para
dizer a ele que empresas que recebem recursos do banco têm de tratar
bem os trabalhadores. O telefonema ocorreu porque um sindicalista
reclamou para a presidenta das condições de trabalho em uma empresa
beneficiada por empréstimos do banco público que estava sendo
visitada por ela.

A presidenta comparou a nova crise
internacional a uma doença crônica que, ao contrário da de 2008,
segundo ela, se assemelhava mais a uma doença aguda. E frisou que as
medidas do Brasil Maior buscam dar conta deste novo cenário. Agora,
o governo precisa reagir de forma diferente e é necessário debater,
vigiar, ficar de ouvido aberto às sugestões, disse Dilma.

“Temos
de ficar atentos, ir melhorando o que foi lançado (o Plano Brasil
Maior). E ficar rouco de tanto escutar. E uma parte estratégica é
ouvir o que vocês têm a dizer. Vamos consultar vocês, vocês têm
de ajudar a gente a inventar novas medidas, tem muitas coisas que
vocês sabem que nós não sabemos”.

E um exemplo citado
pela presidente foi a questão das contrapartidas sociais que a CUT
vem exigindo há muito tempo. “No projeto (plano Brasil Maior)
tem coisas que vocês falaram para a gente nos últimos 8 anos.
Reconheci isso no meu discurso,” disse Dilma.

A
presidenta disse que sentiu falta das centrais na cerimônia de
lançamento do programa de política industrial e afirmou: “Se
houve um equívoco nosso foi não falarmos com vocês antes. Mas que
fique bem claro: não falamos com os outros. Falamos com os
empresários só no dia seguinte. Temos compromisso específico com
as centrais sindicais. Onde tiver (representantes dos) empresários
tem de ter (representantes) de vocês também”.

O
secretário de Finanças da CUT, Vagner Freitas, agradeceu a presença
da presidenta, mas ressaltou que ela deve falar mais vezes com os
dirigentes sindicais para que todos possam saber como ela pensa, como
ela age, seria fundamental que ela também recebesse os dirigentes
mais vezes. A melhora na interlocução poderia resolver muitos
problemas, disse ele.

“Não somos contra o plano Brasil
Maior, temos divergências com relação a alguns itens, como a
questão da desoneração da folha da forma como está colocada,
principalmente com relação ao impacto na previdência social e na
falta de garantias de que resultará realmente em mais empregos.
Bastava o governo ter nos ouvido, debatido o tema conosco. Poderíamos
ter melhorado a proposta. Não temos medo de participar nem de nos
responsabilizarmos pelas políticas decididas conjuntamente”,
concluiu.

Vagner também falou para a presidenta que a CUT
concorda que não existe desenvolvimento sem indústria forte, mas
tem outras preocupações da central que seria importante debater com
o governo, como a sustentabilidade da previdência social, a alta
rotatividade de mão de obra, a qualidade dos empregos criados e
também a quantidade.

Paridade nos conselhos – O
secretário de Finanças da CUT disse, ainda, para Dilma que o
governo precisa rever seriamente os critérios adotados para compor
os canais de discussões existentes e os que estão sendo criados ,
como os conselhos de competitividade industrial. É preciso garantir
a paridade de representações, disse Vagner, que citou como exemplo
de distorção de representação o CNDI (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Industrial) que tem 10 representantes do governo, 12
do empresariado e apenas 2 dos trabalhadores. Queremos participação
igual na vida ativa do Brasil. Temos Inteligência e preparo para
isso”, concluiu Vagner.

Neste momento, Dilma interrompeu
Vagner e pediu para ele repetir os números, anotou, disse achar
estranho e deu razão ao dirigente CUTista. Agiu como quem fosse
providenciar uma solução imediatamente.

O ministro Gilberto
Carvalho fez questão de lembrar aos sindicalistas que aquele
encontro mostrava que este governo está aberto ao diálogo social e
que vai ouvir as sugestões dos dirigentes. “Não falta vontade
política nem determinação do governo para seguir o diálogo com
vocês”.

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