Na reunião realizada
nesta quinta-feira, dia 4, em São Paulo, a direção do HSBC
assegurou para o Sindicato que não haverá dispensas no Brasil e que
o banco inglês, pelo contrário, está criando novos postos de
trabalho no país, onde obteve no primeiro semestre o seu terceiro
maior lucro global. Diante desse posicionamento, o Sindicato e a
Contraf-CUT reivindicaram ao HSBC a assinatura de acordo que ponha
fim à rotatividade, um dos itens do emprego decente, tema central da
Campanha Nacional dos Bancários deste ano.
O diretor do
Sindicato, Alan Patrício, explica que os bancários ficaram muito
preocupados com o anúncio que HSBC fez no última segunda, dia 1º,
sobre a demissão de 20% dos seus empregados em todo o mundo. “Mas
o banco assegurou que as dispensas não ocorrerão no Brasil. Isso
nos dá uma tranquilidade, mas há o problema da rotatividade, que
continua grande. Queremos um compromisso formal do HSBC de que vai
parar com esta prática nefasta que achata com os salários dos
bancários”, diz Alan, que é funcionário do HSBC.
Os
dirigentes sindicais questionaram os impactos no Brasil dos setores
de Auto Finance e Crédito Imobiliário, áreas que seriam atingidas
no país segundo informações que chegaram à Contraf-CUT. A direção
do HSBC disse que, em relação ao Auto Finance, a carteira não foi
vendida ao Banco Panamericano e que continuará atuando no segmento.
Quanto ao financiamento nas lojas, estava encerrando esse tipo de
operação. Com relação ao crédito imobiliário, os representantes
do banco ficaram de buscar mais dados para informar ao movimento
sindical, porque disseram desconhecer quaisquer medidas no setor.
O
banco inglês reafirmou o teor da nota oficial do início da semana
de que o HSBC abriu 605 novos postos de trabalho no primeiro semestre
deste ano e está contratando mil novos gerentes de relacionamento
para reforçar sua atuação no varejo brasileiro, onde alcançou US$
637 milhões, o que é 33% superior ao mesmo período do ano passado
e representa o terceiro melhor resultado da empresa dentre os 87
países onde atua.
O Sindicato e a Contraf-CUT questionaram
que, embora o HSBC tenha aberto novas vagas nos primeiros seis meses
do ano, ele pratica alta rotatividade de mão de obra – fato sem
paralelo em qualquer outro país onde o banco inglês atua, mesmo na
América Latina. Os representantes dos bancários apresentaram à
instituição financeira uma das principais reivindicações
aprovadas pela 13ª Conferência Nacional dos Bancários, que é a
implantação do emprego decente, conceito da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) que assegura estabilidade no
emprego.
“Por que só no Brasil as empresas usam a prática
da alta rotatividade como estratégia de redução de custos?”,
questionou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, durante a
reunião, cobrando que o banco realoque os bancários que tiveram
suas áreas atingidas pela reestruturação. Os representantes do
banco disseram que estão comprometidos no aproveitamento de todos os
bancários da área de Auto Finance.
Valorização – Além
do emprego, o Sindicato e a Contraf-CUT também apresentaram ao HSBC
outras questões importantes para os bancários, entre elas o alto
índice de adoecimento entre os trabalhadores, principalmente doenças
mentais relacionadas às pressões por cumprimento de metas e ao
assédio moral. Ficou acertado que esses temas serão discutidos em
reunião que será agenda nos próximos dias.