CUT decide não participar de anúncio do programa de política industrial

O
presidente da CUT Artur Henrique e presidentes das demais centrais
sindicais se reuniram nesta segunda-feira (1º), no Palácio do
Planalto, em Brasília, com cinco ministros e o presidente do Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para conhecer
detalhes sobre a nova política industrial – o plano Brasil Maior,
que será anunciado nesta terça-feira (2) pela presidente Dilma
Rousseff.

Participaram do encontro os ministros da
Secretaria-Geral da Presidência da República (Gilberto Carvalho),
da Fazenda (Guido Mantega), do Desenvolvimento (Fernando Pimentel),
da Previdência Social (Garibaldi Alves), da Ciência e Tecnologia
(Aloizio Mercadante), além de Luciano Coutinho, que preside o BNDES.

Gilberto Carvalho abriu a reunião dizendo que o
governo trabalhou duramente nos últimos dias para elaborar o
projeto, cujo objetivo é impedir que o país seja afetado pela crise
econômica que abala países da Europa e Estados Unidos. O ministro
fez questão de ressaltar que o governo analisou e tentou atender as
demandas dos dirigentes sindicais, que se mobilizaram realizando
seminários e até paralisações, como a dos metalúrgicos na
Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo, e entregou propostas ao
governo. “A voz de vocês foi ouvida”, disse ele.

 O ministro Guido Mantega fez uma breve
análise sobre a crise internacional, lembrando que a crise
financeira de 2008 foi superada pelo Brasil, mas continuou na Europa
e Estados Unidos e continua produzindo efeitos negativos. Os efeitos,
disse ele, podem atingir o Brasil uma vez que, com o mercado
internacional patinando, o aumento da capacidade ociosa e o mercado
consumidor em baixa, as indústrias vêm buscar consumidor no Brasil.
Por conta deste cenário, é preciso defender a indústria
brasileira.

“O rol de medidas que vamos anunciar, é no
sentido de dar competitividade a indústria brasileira e também para
garantir que o emprego fique aqui”, disse Mantega.

Na sequência, o ministro falou sobre a
desoneração da folha, item que, segundo ele, era de mais interesse
dos dirigentes sindicais. Explicou que alguns setores terão
desconto, que a diferença será contabilizada como crédito do
tesouro, portanto, sem prejuízo para a Previdência Social. Disse
também, que o governo acredita que esta decisão vai contribuir para
a geração de empregos formais, além de melhorar a competitividade
da indústria.

Mercadante completou dizendo que “o conjunto de
medidas defendem a produção, o mercado interno e os empregos”.

Já Pimentel, ressaltou o aumento do financiamento
para inovação, “para empresas que desenvolverem projetos aqui
dentro”.

O presidente da CUT criticou o fato dos ministros
focarem a apresentação da política industrial apenas no que se
refere à desoneração da folha. “Todas as medidas de política
industrial interessam aos trabalhadores,” afirmou Artur Henrique
lembrando que a central entregou ao governo um documento com as
propostas do movimento sindical e que o mesmo não foi levado em
consideração. Disse ainda que os trabalhadores estão preparados
para discutir o tema, tanto quanto os empresários e sugeriu a
criação de uma mesa de diálogo tripartite para discutir não
apenas a política industrial como também fazer um acompanhamento
das medidas, “que podem até ser boas, não sabemos, mas não foi
uma proposta construída na base do diálogo tripartite”.

Para encerrar, Artur lamentou o fato de o governo
ter ignorado o acúmulo de discussões sobre a possibilidade de
desoneração da folha feito pela CUT, que há meses vêm debatendo o
tema e analisado possibilidades (pode gerar mais emprego desde que
isto conste como uma exigência e esteja escrito no documento que
beneficia os empresários) e consequências para a seguridade social.
Além de emprego formal, disse ele, tem de ter outras contrapartidas
sociais e econômicas, como a qualidade do emprego, meio ambiente
etc.

A falta de discussão do tema com o movimento
sindical, levou as centrais sindicais a decidirem não participar do
anúncio oficial da nova política industrial. “Somos contra
desoneração da folha, da forma como ela vem sendo proposta, sem
debate e sem contrapartidas efetivas”, disse o presidente da CUT.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi