A
presidente Dilma Rousseff lança nesta terça-feira (02/08) um pacote
de medidas para ajudar empresas do setor industrial a enfrentarem
concorrentes estrangeiros no Brasil e no exterior sem que haja
sindicalistas na platéia. O boicote foi decidido e anunciado por
dirigentes de centrais sindicais nesta segunda-feira (01/08), depois
de Dilma ordenar a cinco ministros que se reunissem com eles para
explicar as linhas gerais do plano.
Os trabalhadores
discordam de uma das medidas que governo e empresários consideram
das mais importantes e que foi exposta na reunião: baixar a
contribuição previdenciária cobrada das firmas com base na folha
de pagamento delas.
O governo informou ainda que vai dar incentivo
à inovação tecnológica, preferência à indústria nacional em
compras públicas e estímulo a investimentos com crédito mais
barato e tributação menor.
Na reunião, o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, disse aos sindicalistas que a desoneração
da folha será parcial e restrita a setores que empregam muita gente.
A idéia começou a ser negociada pelo governo com as centrais
semanas atrás, mas sem que houvesse acordo até agora.
As
entidades irritaram-se com decisão de Dilma de levar a proposta
adiante mesmo sem entendimento. “Somos contra desenoração sem
discussão. Não viremos ao lançamento”, afirmou o presidente da
Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva
Santos.
As entidades preocupam-se com o impacto da proposta
no caixa da Previdência. Querem ter certeza de que a mudança será
compensada com taxação alternativa – sobre o faturamento das
empresas, por exemplo -, o que não foi assegurado. O governo disse
que se compromete a cobrir a diferença, o que as centrais acham
insuficiente para proteger o INSS de propostas privatizantes. “Uma
coisa é o governo Dilma, outra é o futuro da Previdência Social. A
Força Sindical não virá ao lançamento”, afirmou o presidente da
entidade, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).
O pacote
de medidas deve ser lançado com o nome de “Brasil Maior”. Foi
apresentado às centrais sindicais, em suas linhas gerais, pelos
ministros Mantega, Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da
Presidência), Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Garibaldi Alves
(Previdência) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia).
Dilma
tinha dois objetivos, ao determinar que houvesse a conversa. Um:
tentar mostrar às centrais que têm respeito por elas e, por isso, o
governo fazia questão de informar-lhes em primeira mão, embora nada
muito concreto tenha sido revelado, de acordo com relato de
sindicalistas. Dois e mais importante: convencê-los da necessidade
de desoneração da folha.
Um participante da reunião contou
que o minsitro Aloizio Mercadante teria pedido aos dirigentes que
defendessem o pacote, quando desse a entrevista à imprensa depois do
encontro, realizado no Palácio do Planalto.
A estratégia do
governo virou-se contra o próprio governo, já que haverá um
boicote coletivo das centrais. Mas elas também reconhecem que o
plano tem méritos. “Saio confiante das boas intenções do
governo, mas preocupado com alguns pontos, como a desoneração da
folha”, disse o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do
Brasil (CGTB), Antonio Neto.
Entre as medidas que Neto chama
de “bem intencionadas”, estão a preferência que o governo dará
a a fornecedores brasileiro, quando fizer compras públicas, e a
desoneração dos investimentos privados.